A velhice nos proporciona repouso, livrando-nos de todas as paixões foi o que escreveu Platão, porém bem distante desse raciocínio, Nelson Mandela em 2007, aos 89 anos fundou um grupo independente composto por eminentes líderes mundiais, para juntos, trabalharem e apoiarem projetos de construção da paz e direitos humanos ao redor do mundo. Surgiu aí “The Elders”, tradução literal para “Os anciãos”, (homens velhos e respeitáveis).
O grupo é formado por 11 personalidades: Desmond Tutu, Ela Bhatt,advogada e respeitada líder mundial no mercado de trabalho em defesa da mulher, Graça Machel, esposa de Mandela, Gro Brundtland,ex primeira Ministra da Noruega, Fernando Henrique Cardoso, Jimmy Carter, ex Presidente dos Estados Unidos, Kofi Annan, diplomata de Gana e ex- secretário geral da ONU, Lakhdar Brahimi, Diplomata, ex-ministro de relações exteriores da Algéria, Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda, Martti Ahtisaari, ex presidente da Finlandia, e Nelson Mandela, que dispensa apresentação. Quase todos desempenharam em algum período trabalho relevante dentro da estrutura da ONU. A ideia teve início numa conversa informal entre o cantor Peter Gabriel e um amigo empresário, que discutiam sobre as possibilidades de um dedicado grupo de pessoas influentes, com formações diversas e pensamento político também diverso ajudar a resolver os problemas globais , sobretudo os problemas que infligiam sofrimento aos povos, particularmente causados por conflitos armados, pela pobreza extrema, injustiça ou pela intolerância.
Inspiraram-se nas comunidades tradicionais onde os líderes locais partilham a sabedoria para resolver os problemas internos.
Levaram a preocupação e a ideia ao conhecimento de Nelson Mandela, que junto com sua mulher Graça Machel e o arcebispo Desmond Tutu abraçaram o projeto. Convidaram outros membros com base em critérios severos, como independência de pensamento, confiança internacional, integridade e reputação de liderança, entre outros.
Empolgado Mandela anunciou a formação dos “The Elders” no dia de seu 89º aniversário, em Julho de 2007, em plena cerimônia de comemoração e enfatizou que os “Anciãos” iam falar livre e corajosamente, atuando tanto publicamente quanto nos bastidores, para estender à mão àqueles que mais precisam de ajuda, apoiando a coragem onde há medo, interferindo para promover acordo onde há conflito e inspirando esperança onde há desespero.
E assim o grupo de anciãos vai caminhando pelo mundo, amplificando as vozes daqueles que não tem chances de serem ouvidos, estimulando o diálogo e debate e ajudando a promover uma mudança positiva na sociedade global. Não podem ocupar cargos públicos porque precisam estar desvinculados dos interesses de qualquer nação ou governo, ou instituição. Em comissão visitaram o Oriente Médio em meios aos conflitos, engajaram-se para obter ajuda humanitária para países africanos e soltaram as vozes contra a desculpa de práticas religiosas tradicionais para justificar a discriminação contra mulheres. Visitaram a China e Coréia, onde há denúncias de desrespeito aos direitos humanos e estão travando debates com líderes mundiais para reduzir substancialmente as armas nucleares, que hoje chegam a mais de 20.000 e são capazes de destruir a vida na terra várias vezes. O grupo acredita que a paz é um projeto possível mas que as vezes não avança por que na maioria dos conflitos, a solução só pode ser encontrada através da rápida retomada do diálogo sobre todas as questões pendentes .
Assim como anunciou a criação do grupo em julho de 2007, Nelson Mandela pediu, desde 2009 que não comemorassem seu aniversário e junto aos amigos anciãos anunciou a que dia 18 de julho estendida ao mês de julho todo, deveria ocorrer um movimento incentivando a todas as pessoas ao redor do mundo a tomarem medidas concretas a serviço da humanidade, assim criaram “Mandela Day 2011 – mudar o mundo para melhor” e nos chamou a responsabilidade de desempenhar nosso papel de mudar o mundo ao nosso redor, começando talvez, mudando a nós mesmos, nos abrindo para lutar contra as injustiças, assim como fez Mandela por 67 anos. Agora o presente de aniversário que ele pede é que doemos 67 minutos do nosso dia fazendo a diferença na nossa comunidade. Vamos nos inspirar no desejo de mudança, na esperança que o manteve vivo durante 28 anos na prisão e agir para fazer girar esse movimento global a favor do bem. È certo que no nosso atarefado dia-a-dia tendemos a não reparar as necessidades dos que nos cercam, mas sejamos todos encorajados pela força interior e pelo espírito de Mandela que tem nos mostrado que com dedicação pessoal e comprometimento nós podemos vencer grandes desafios e fazer de cada dia um “Dia de Mandela”. Aos jovens Mandela manda o recado: “ é hora das próximas gerações continuarem nossa luta contra a injustiça social e pelos direitos da humanidade. Está nas mãos de vocês”.