A herança cultural é tudo o que o homem adquire ao longo do seu processo de formação; conhecimento, crença, arte, moral, lei e costumes, entretanto a cultura está sempre sujeita aos estágios da evolução. Temos que olhar atentos as modificações, o renascimento, os detalhes da vida diária para construirmos a nossa história.
Respeitar a herança cultural acumulada através do convívio familiar e em sociedade é crer que a transformação dos estados de evolução do homem teve a cultura como fator determinante das transformações.
Sendo a herança cultural algo arraigado em nosso íntimo isso exige que sejamos cuidadosos com nossos filhos. Transmitir valores éticos saudáveis, comportamento social adequado, estimular o gosto pela música e arte, ser flexível diante das diferenças. Devemos conduzir pelo caminho do bem a herança cultural que deixamos, acumular exemplos que marcam, pequenos gestos que se repetidos serão determinantes no resultado escolar da criança e nas escolhas dos relacionamentos.
Herança cultural dá-se através do armazenamento e transmissão de informações por meio de comunicação, imitação, ensino e aprendizagem. Patrimônio Cultural é arte contida em um caldeirão borbulhante de ensinamentos misturado com ética, filosofia, política e princípios que ensinados ás crianças ajudam-as na composição de suas vidas adultas. O ambiente familiar deve ser o palco das primeiras discussões sobre solidariedade, discriminação e desigualdades e das discussões apaixonadas sobre futebol. Sob o olhar da família e segundo os valores familiares a criança vai desbravando horizontes novos, desenvolvendo a auto-estima e aprendendo a se relacionar com o outro.
É certo que as pessoas são moldadas segundo sua cultura e vários autores exploram a preocupação de desembaraçar valores básicos, e olhar criticamente os conflitos e contradições existentes na composição do capital cultural considerando que nenhuma sociedade tem padrão de cultura e comportamento igual, mesmo sendo vizinhas.
. Não devemos fragmentar a educação tradicionalmente recebida na infância tampouco violentar os valores que permearam, como pendores naturais nosso crescimento. A relação com o passado serve para entender o que se é hoje. E a influencia do capital cultural investido, certamente é preponderante para a transformação da vida adulta, para fixar os valores éticos e flexibilizar as relações com a família.
O indivíduo em Pierre Bourdieu, sociólogo francês, é um ser socialmente configurado em todas as suas nuances e particularidades e tudo mais que o compõe; o gosto, as preferências, as aptidões, as posturas corporais, as aspirações quanto ao futuro; tudo pode ser socialmente constituído.
Para compreender adequadamente a natureza das relações que unem o sistema escolar à estrutura das relações aqui postuladas, fica explícito que a sociedade se organiza não apenas a partir de bens financeiros, mas também a partir da produção de bens simbólicos, dos valores transmitidos fundamentalmente pela família que permitem que os indivíduos organizem um modo de vida e tenham uma determinada concepção do mundo.
É o conhecimento que, ao longo do tempo dirige e controla as forças da sociedade.
As referências culturais, a erudição e o domínio maior ou menor da língua culta trazidos de casa por certas crianças, facilitam o aprendizado escolar à medida que funcionam como ponte entre o mundo familiar e a cultura escolar. A educação escolar para as crianças pertencentes aos meios culturalmente favorecidos, seria a continuação da educação familiar, enquanto para as outras crianças significaria algo estranho, distante da realidade e ameaçador.
Os dons pessoais sozinhos não explicam o sucesso alcançado por alguns alunos.
Nos ensinamentos de Bourdieu, é a família que realiza os investimentos educativos que transmitem para a criança um determinado valor de capital cultural durante seu processo de socialização. E essa estrutura, que combina hierarquia e proximidade, pode ter efeito de estimulação intelectual, trazendo ao alcance o saber que parecia inacessível.