O Livro Verde do coronel

O coronel Líbio Muammar Kadafi, ditador que teve a morte anunciada, aos 69 anos, em 20 de outubro, deve ter cumprido as três etapas de uma vida plena na terra; teve vários filhos, deve, em algum momento da vida ter plantado uma árvore e pasmem: escreveu um livro! Uma obra conhecida como “O Livro Verde”, traduzido para 90 idiomas detalha com requintes de hipocrisia suas insanas teorias políticas. Lançado em 1975, o livro, que seria leitura obrigatória, explana o pensamento político irracional do ditador líbio, que fez o povo viver por 42 anos sob o jugo dos preceitos subtitulados como “A solução para os problemas da democracia; a base social para a Terceira teoria Universal”, teoria que rejeita o capitalismo e igualmente o socialismo.

Entre tantas pérolas há que se destacar o reconhecimento iluminado de que as mulheres são seres humanos e diferentes dos homens porque menstruam e que os ciclos de dominação das raças aponta agora para a supremacia da raça negra; concede a todos o direito de se expressar através de qualquer meio, até para expressar sua própria insanidade; critica a educação obrigatória porque a vê como forma de coerção e o emprego de material didático é entendido com um ato ditatorial; colocar uma criança na creche é igualmente tirânico e viola a liberdade natural da criança; amontoá-las numa creche seria um processo semelhante ao de se engordar pintos num aviário; trabalhar em troca de salários seria algo indecente, pois a nenhum trabalhador seria dado o direito de ganhar mais do que o necessário para satisfazer suas necessidades; quanto as práticas culturais, o Livro Verde ensina que nenhum beduíno tem interesse na representação, no teatro ou cinema porque são homens inteiros.

O ditador Kadafi assumiu o governo da Líbia em 1º de setembro 1969, em meio a um golpe de estado, quando derrubou do poder o rei Idris, que visitava a Grécia. Assumiu a Presidência do Conselho de Comando da Revolução prometendo a unidade do mundo árabe. Buscou alianças e fusões efêmeras com o Egito, Tunísia, Argélia e Marrocos. Em 1971, criou a União Socialista Árabe, único partido no país.

A ditadura tem ligação com sociedades abaladas por grandes transformações e instala-se geralmente em sociedade de baixo grau de modernização econômica e social, utilizando-se da mobilização de grande parte da população, para subjugar a outra parte. Segundo o Dicionário de Política, do filósofo Italiano Norberto Bobbio, a ditadura caracteriza-se sobretudo pelo poder ilimitado concedido ao ditador e pela precariedade das regras de sucessão do poder político.

Ademais, o Governo ditatorial não é freado pelas leis, porque coloca-se sempre, acima delas e transforma em lei,suas vontades pessoais. As normas jurídicas são frágeis e ineficazes e quase sempre ignoradas de forma discreta ou acintosa. Não há limites concretos para regular a conduta do ditador ou do grupo que o assiste. No caso da Líbia, a figura do Coronel,com seus traços psicológicos alterados se tornou a mais fiel personificação do poder.

A ditadura, negação do processo democrático, contrasta com as condições políticas claras e objetivas, daí porque sua continuidade não pode ser garantida de modo ordenado ou regular. O povo explode,mais cedo ou mais tarde, como explodiram os jovens no Egito e na Tunísia e agora na Síria.

Para o presidente da OTAN Anders Fogh Rasmussen, o reino do medo do coronel Kadafi chegou ao fim, após 42 anos e a Líbia pode pôr um ponto final em um longo e sombrio capítulo de sua história, e virar a página.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse em entrevista que este dia marca uma transição histórica para a Líbia e que isso é apenas o começo de um caminho que vai ser difícil e cheio de desafios. Os Líbios só podem cumprir a promessa de futuro melhor através da reconciliação, considerando o momento um tempo de cura, onde a inclusão e o pluralismo devem nortear as ações do Conselho Nacional Transitório. Cidadãos que há oito meses empunhavam armas,carregam agora a bandeira da liberdade e a queda do ditador deve abrir caminho para a construção da democracia no país e deixar a era de opressão e terror para trás.

Entretanto, segundo a revista foreignpolicy,em agosto de 2010 havia 40 ditadores no mundo, governando cerca de 1.9 bilhões de pessoas. Apesar de todos os ditadores serem maus em suas próprias essências, há um aspecto insidioso que os identifica; são revolucionários que se tornaram tiranos.

Eis aqui, segundo a revista, os cinco piores ditadores do mundo:

1 – Kim Jong II, da Coréia do Norte, no poder desde 1994;
2 – Than Shwe, da Birmânia, no poder desde 1992;
3 – Hu Jintao, China, no poder desde 2002;
4 – Robert Mugabe, Zimbábue, no poder desde 1980;
5 – Principe Abdullah, Arábia Saudita, no poder desde 1995.

Troca de alianças na ponta da espada

ca19057eeb3f500b9260e3f1e3492cca--s-wedding-wedding-vintagePara os espartanos, no século VII aC, o casamento era o único meio de produzir guerreiros. Homens fisicamente mais fracos procuravam mulheres mais fortes para possibilitar o nascimento de guerreiros vigorosos. O povo Viking realizava seus casamentos ao ar livre em uma sexta-feira, num tributo a “Frigg”, a deusa do casamento. O ritual envolvia a troca de espadas entre as família. A esposa mantinha a espada ancestral de seu marido até que seu filho primogênito atingisse a idade de lutar.

As alianças eram trocadas na ponta das espadas e os juramentos, trocados sobre a ponta da espada do noivo. No ano de 1.400, na Rússia, antes do casamento, num ritual íntimo, a noiva recebia um banho e um pouco da água era guardada para o marido beber após a cerimônia de casamento.

A celebração do casamento turco dura vários dias e a noiva retorna a casa dos pais no dia seguinte a celebração para rever a família e os amigos. Sobre o vestido branco de seda, a noiva usa uma capa de veludo vermelho. Noivas gregas usavam véus amarelos ou vermelhos, que representavam o fogo. Estes véus coloridos eram supostamente para proteger as noivas dos maus espíritos e demônios.

Nos Emirados Emirados Árabes, as autoridades encorajam jovens casais a contrair matrimônio com ajuda financeira, emprego e até apoio psicológico. A França contribuiu com os aspectos da etiqueta e ar solene que caracterizam a cerimônia de casamento, o vestido branco, o uso do bouquet e os toques de sino.

Sábado passado inacreditáveis 1.610 casais desfilaram pela passarela vermelha estendida ao lado do estádio de Sinop, para terem suas bodas celebradas no melhor estilo do que prega a etiqueta francesa, Entraram ao som da tradicional Marcha Nupcial de Mendelssohn, executada pela Orquestra Jovem de Mato Grosso. Ouvia-se história de casais que estão juntos há tanto tempo que os filhos também já constituiram famílias e todos, pais e filhos, procuravam naquele ato legalizarem as suas uniões. Embora no Código Civil Brasileiro, no artigo que trata da união estável, diz que a mesma “é reconhecida como entidade familiar entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.

Apesar dos avanços e dos direitos comuns, com ou sem união formal, o casamento continua sendo a base para a maioria das famílias e a idade média do primeiro casamento tem subido continuamente; as noivas com idade média de 31 anos e os noivos com 34,3. A mesma estatística apresenta o fato de que as uniões não formalizadas tendem a terminar mais cedo que as uniões concebidas através do juiz de paz e de benção religiosa.

Algumas preocupações sociais que rondam os casamentos são apontadas num relatório da ONU, como sendo, a formação da família, respeito a cultura do outro, divisão de tarefas, condições mínimas de garantir saúde, educação, moradia e respeito as leis e regras de convivência. Mas uma nuvem negra paira sobre a instituição do casamento em muitos países. Há aproximadamente 60 milhões de crianças noivas no mundo, com idades que variam de 7 a 14 anos. Isso equivale ao raciocínio matemático de que a cada 3 segundos uma criança é prometida em casamento.

Há agências especializadas em programa de aconselhamento pré-nupcial, propondo estratégias para manter o relacionamento saudável e vencer os desafios, incluindo a gerência de dinheiro e relação com parentes.

Contradizendo o espírito festivo e semblantes felizes que presenciamos, Michel de Montaigne, filósofo francês disse que: “O casamento é como uma gaiola “encantada”, vê-se as aves fora desesperadas para entrar, e as que estão dentro igualmente desesperadas para sair.”

7 bilhões de razões para se importar

A população mundial atingiu a marca de 7 bilhões de pessoas na semana passada. O crescimento tem sido de 1,5% ao ano. Em 22 de julho de 1999, o serviço de censo americano anunciou que havíamos atingido o número de 6 bilhões de pessoas habitando o planeta terra. A taxa de crescimento anual atingiu o ponto máximo no final dos anos 60, quando beirava 2,20%. Atualmente a taxa de crescimento está em declínio e deverá cair ainda mais nos próximos anos, mas a população mundial continuará crescendo, porém num ritmo mais lento, comparando-se ao passado recente. Pode-se constatar que a população mundial dobrou em 40 anos e agora há previsão de que levará 42 anos para crescer 50%.
Há uma estimativa interessante que aponta que, desde o surgimento da raça humana, cerca de 106 bilhões de pessoas já passaram pelo planeta terra.

Na aldeia global são faladas cerca de 6.000 línguas, mas mais da metade falam dialetos chineses, inglês, indiano, espanhol, árabe, bengale e português. As crenças se dividem sobretudo entre cristãos, mulçumanos, hindus, budistas e judeus.
No planeta falta água potável, sistemas sanitários adequados, pessoas respiram ar poluído, nem todas as famílias tem eletricidade em casa, nem todas as crianças frequentam escolas, nem todas que frequentam aprendem a ler, num sistema educacional ainda machista, onde mais meninos são ensinados a ler do que meninas.
Temos então 7 bilhões de razões para prestar mais atenção no planeta, para ter mais cuidado um com o outro, atentarmos sobre os efeitos devastadores causados pelo aumento da população em nossas comunidades, respeitar o meio ambiente, observar a disponibilidade de recursos naturais e, mais importante, cuidar mais da saúde e do bem-estar sobretudo das mulheres e suas crianças.

A superpopulação é o maior perigo para o planeta, tanto que as mudanças globais e o aquecimento são insignificantes quando comparado com a explosão do crescimento populacional. Quanto mais estendemos nossas cidades e comunidades, mais nós contribuímos para a extinção de espécies de outras formas de vida.
Os fenômenos da população é aqui bem explicado: Quando a população de uma espécie cresce além da sua capacidade para sustentar sua população, a doença e a fome reduzem a população para um tamanho menor, de modo a torna-la sustentável. No caso da humanidade, nós estamos enfrentando a fome, o desequilíbrio ambiental e devemos enfrentar baixas significativas por causa de conflitos para acessar os recursos cada vez mais escassos.
Temos razão de estar aflitos e com certo medo, disse um pesquisador do Yale School of Forestry and Environmental Studies. O século 21 mal começou e já há 1 bilhão de pessoas mais do que em Outubro de 1999 – com as perspectivas desoladoras para o futuro da energia e abastecimento de alimentos.

É precisamente porque nossa população é tão grande e continua crescendo, que devemos cuidar cada vez mais das novas gerações, que assim como muitos de nós, estão fora de sincronia com a sustentabilidade em suas dietas, em seus modos de se mover, e em seus desejos de manter a temperatura agradável, não importa o que esteja acontecendo lá fora. – Isso não faz de nós pessoas terríveis. Mas, o fato é que, coletivamente, esses comportamentos estão nos movendo para zonas de perigo.
Todos nós temos a responsabilidade e a oportunidade de fazer do mundo um lugar melhor nos próximos anos, inspirar as pessoas a se doarem, promover o diálogo consciente entre diferentes credos, culturas e efetivamente caminhar para a transição. Nada fácil viver num mundo com 7 bilhões de pessoas absolutamente únicas.