O voto é ainda obrigatório em muitas democracias

Uma votação livre e transparente deveria ser o começo do que é exigido de uma democracia. Contudo, existem atualmente 32 países com voto obrigatório em todo o mundo. Entre esses incluem-se: Austrália, Argentina, Brasil, Chile, Equador, Uruguai, Cingapura, Chipre, Grécia e outros. Desses 32 países, 12 fazem cumprir literalmente as leis do voto obrigatório com sanções e cobrança de taxas contra quem não comparece para votar. A Austrália é um país considerado particularmente especial no quesito da obrigatoriedade do voto, porque é uma democracia considerada madura. Os Australianos são obrigados a votar nas eleições federais desde 1924 e pesquisas recentes mostram que regularmente setenta a oitenta por cento dos australianos apoiam o voto obrigatório e exercem esse direito.

No Brasil, o voto é obrigatório desde 1932 e transformado em norma constitucional a partir de 1934. Regulamentado para dar credibilidade ao processo eleitoral, foi justificado como algo conveniente ao interesse social. No Brasil as eleições são pelo sistema universal e direto com voto obrigatório e secreto. O voto é obrigatório para homens e mulheres com mais de 18 anos e facultativo para os analfabetos, para os maiores de 70 anos e para os jovens com idades entre 16 e 18 anos. A participação da sociedade no processo eleitoral brasileiro cresceu muito devido a concessão do direito do voto ao analfabeto e aos jovens maiores de dezesseis anos.

O debate que me envolve é sobre o que acrescenta o voto obrigatório a uma democracia, se melhora a participação do eleitor, aumenta a consciência dos eleitores sobre as principais questões políticas, e se reduz gastos de campanha. O voto obrigatório deve ser visto como um dever ou meramente um direito?

Diter Nohlen, cientista político alemão, um estudioso dos sistemas eleitorais e procedimentos de voto, sobretudo na América Latina diz que a adoção do voto obrigatório é uma medida institucional válida em muitos regimes democráticos, até porque, além de garantir presença da maioria no processo eleitoral, serve também para garantir a participação de grupos religiosos e minorias que se opunham a participar e proibiam seus seguidores de votar.
É uma coisa boa conseguir apoio para um candidato que você estima e confia. É razoável exortar os seus vizinhos e informar-lhes sobre questões que afetam sua comunidade. Mas é irresponsável incentivar o voto apenas para “votar”. Esse ato em si não expressa nenhuma virtude cívica .

Grande parte do eleitorado mostra-se totalmente desinteressada na política, não sabe nada sobre os candidatos, e não querem lidar com compromissos fora de hora para fazer proposições. Nesse caso o o processo eleitoral apenas recebe votos aleatórios para suprir o sistema com informações distorcidas e induzidas.

A votação é não só um direito, mas uma responsabilidade. Um ponto de liberdade, onde todos têm a palavra e a responsabilidade de expressar a sua opinião, caso contrário o sistema não funciona. O direito de votar deveria se sobrepor a obrigatoriedade e as pessoas deveriam exercer esse direito sem serem abordadas ou mesmo conduzidas pelos candidatos. Mas há ainda muitas razões obscuras pelas quais algumas pessoas não se interessam pela política. O voto obrigatório empurra essas pessoas desinteressadas a votar sem preferência por um candidato em particular, sem desejo algum de contribuir com o histórico do sistema político. Não creio que um ato forçado possa adicionar legitimidade a um governo.

Mas na contramão do questionamento, alguns estudos apontam todavia, que o voto obrigatório proporciona altos níveis de participação e isso diminui o risco de instabilidade política criada por crises ou líderes de índole duvidosa, porém carismáticos. Será?

O Direito, o Dever e a Obrigação de votar

Na democracia brasileira, o indivíduo tem direito ao voto, embora seja também obrigado a votar, então esse direito implica também uma obrigação. Não são direitos e obrigações forças quase antagônicas? Um direito é algo que você tem o privilégio de ser concedido, ao passo que uma obrigação é algo que lhe é determinado a fazer.

Votar é um dever cívico e isso deveria bastar considerando que seria provavelmente verdade que a maioria dos cidadãos sentem que têm obrigações com suas cidades. É preciso ter cuidado para distinguir entre fazer algo que é para o bem comum e algo que não tem nenhum benefício para a cidade e seria apenas vantagem para certos políticos. O ato de votar só tem valor se produzir algum benefício tangível para a comunidade. O voto em si, em cumprimento à obrigação legal, não tem muito sentido.

É o cidadão que vota que pode informar, educar e mudar mentalidades, atitudes e práticas. Se estamos bem informados e educados, podemos fazer a diferença na luta por um mundo melhor. Na eleição municipal a cidade fica em nossas mãos, para melhor ou para pior. Governos, organizações não-governamentais e indivíduos devem se engajar em uma conversa global sobre as comunidades que eles querem ter no futuro.

A base de uma forte estrutura institucional para o desenvolvimento de uma cidade são as pessoas. Pessoas como consumidores, ativistas, voluntários e cidadãos responsáveis. As pessoas ativamente envolvidas em suas comunidades e sociedades podem garantir ações para combater eficazmente as questões prementes que estancam o desenvolvimento da cidade.

Ao discutir o futuro que queremos para nossa cidade, o objetivo é incentivar as pessoas a imaginar como as sociedades podem construir um governo que promove a prosperidade para todos, sem degradação. Oportunidades de promover mudanças não aparecem todos os dias e o período eleitoral pode ser, além de todo o mal que alguns lhe atribui, uma oportunidade única para discutir os desafios que enfrentamos e as soluções que podemos perseguir para abordar os novos desafios emergentes, visualizar e planejar o caminho que queremos trilhar.

O mau político está aí por toda parte, ensaiando passos novos para encantar você. Manifeste sua sabedoria e discernimento para orientar, guiar e inspirar o processo político a um resultado notável. Na solenidade política ouvi atentamente a fala de uma autoridade criticando a indiferença política de muitos, sobretudo dos que detêm conhecimento. A certa hora, a autoridade disse que a Lei da Ficha limpa seria absolutamente desnecessária se o cidadão cumprisse com sua responsabilidade de votar analisando o perfil dos candidatos e espontaneamente barrando os maus políticos. Mas as pessoas, ainda indiferentes ao que se passa na sua comunidade, excluem-se da responsabilidade e eximem-se de toda culpa. Daí ser necessário criar uma lei para fazer cumprir um dever.

Precisamos renovar sempre, as ideias e as pessoas por que o ato de administrar não pode ser um trabalho meramente metódico. A sociedade ​​precisa contar com os cidadãos sensíveis e responsáveis, com organizações da sociedade civil que se elevam à altura do desafio com engajamento cívico para alcançar o desenvolvimento e transformar a vida das pessoas.

Uma revolução virá, queiramos ou não, pois, não podemos mais alterar a sua inevitabilidade. E um mundo novo só pode ser construído em parceria com cidadãos responsáveis e o indivíduo pronto para entrar numa sociedade com outro indivíduo tem o direito e o dever de tomar informação sobre a vida privada do novo sócio, porque disso depende a confirmação dos compromissos de um para com o outro.

Treze exemplos de mulheres

Numa amanhã de outono, no ano de 2004, treze avós indígenas, vindas do Alaska, América do Norte, Central e Sul, África e Asia, se reuniram em Nova York for 3 dias, com o objetivo lúdico de formar uma aliança global pelo bem da humanidade, para a abertura de uma nova era de compreensão para as questões básicas da saúde, uma era de amor e amizade entre os os povos, um modo de viver mais natural.  Formou-se  o Conselho Internacional de Treze Avós Indígenas, que representam uma aliança global de educação, oração e cura para a Terra, todos os seus habitantes, até as próximas sete gerações vindouras.Estão profundamente preocupadas com a destruição sem precedentes da natureza e a destruição de modo de vida dos indígenas. As avós realizam projetos que protegem as diversas culturas pelo mundo; medicamentos, linguagem e cerimonias de oração e projetos que educam e alimentam crianças.

Essas 13 avós estão em movimento permanente pelo mundo, marchando pela paz, pela preservação e sustentabilidade do modo indígena de viver, rezando pela restauração da paz em áreas de conflitos, compartilhando ensinamentos e profecias nas comunidades que visitam. Estiveram no Brasil, mais precisamente em Brasília em outubro do ano passado. Elas são em pessoas, a prece caminhando em nossa direção, com suas histórias inspiradoras de convivências tribais, inclusive guerras. O Conselho é a voz da sabedoria, uma voz só, única, melodiosa em espiritualidade, diversidade cultural, etinias; uma herança de igualdade, justiça e liberdade para todos. Apesar dos desafios e dos sofrimentos e sacrifícios experimentados, as 13 avós indígenas demonstram coragem suficiente para acreditar que apenas a liberdade pode sustentar a democracia, que apenas a justiça cura dá esperança e que igualdade de oportunidades para todos faz a paz prevalecer.

O princípio que as mantém juntas é a fé. Elas acreditam que foram guiadas para estarem juntas e para desenvolverem o trabalho que fazem. Acreditam que seus caminhos estão conectados entre todas as formas de fé e cultura, mas que são todas alimentadas pela mesma chama: o conhecimento dos ancestrais.

Dentre as 13 avós indígenas há duas brasileiras; Maria Alice Campos Freire, uma das mais velhas do grupo, presa política e exilada, que morou muitos anos na Europa e na África, onde encantou-se com as cerimônias de cura da alma. Anistiada, voltou ao Brasil  e embrenhou-se na Floresta Amazônica , fundou o Centro Medicina da Floresta, que faz uso de plantas típicas da região para curar pessoas doentes. A comunidade é dedicada a trazer paz e felicidade para as pessoas, cuida de crianças e jovens a quem ensina preservar a floresta e de quem espera a continuidade do seu trabalho, através do conhecimento tradicional. Essa avó brasileira acredita que o sofrimento imposto pelo seu passado, tenha ajudado a abrir a sua espiritualidade.

A outra brasileira que compõe o Conselho das 13 Avos Indígenas é Clara Shinobu Iura, psicóloga, filha de migrantes japoneses,formada em filosofia pela USP, desde criança Clara queria ajudar os outros. Tinha visões freqüentes com o planeta em agonia  e deixou que as portas de sua percepção fossem abertas e conviveu com pessoas de diferentes crenças e práticas espirituais, até que juntou-se a avó Maria Alice Campos Freire, na floresta amazônica.Clara, a avó brasileira, crê que as palavras proferidas pelas13 avós são bem recebidas pelos homens que governam o planeta e isso fará despertar a criança que existe em cada um deles, iluminando a experiência espiritual de cada um deles, para que possam reverter o curso da história.

O Conselho Internacional das 13 Avós Indígenas ( Aama Bombo, do Nepal , Takelma Band, Beatrice and Margaret Behan, Rita Pitka, Rita Long  , Estados Unidos, Bernadette, do Gabão, Clara Shinobu e Maria Alice,do Brasil, Flordemayo, da Nicarágua, Julieta Cassimiro, do México, Tsering Dolma, do Tibet e Mona Polaca que serve as Nações Unidas),  são mulheres pequenas, com amor imenso, com fé que pode promover mudanças e dar esperança para a próxima geração.

Falar da mulher através da história dessas 13 belas mulheres, que nos dias de hoje,   oferecem suas preces para iluminar nossa consciência, é falar de uma pequena semente que está sendo plantada em nossos corações. Quando perguntadas o que são: bruxas, videntes, médiuns? Elas respondem: “ Somos mulheres sábias”.