Surpreendentemente, os tapetes persas legítimos quase sempre apresentam imperfeições intencionais. Na verdade, há um velho ditado persa que diz: “Um tapete persa é perfeitamente imperfeito e precisamente impreciso”. Esta noção de intencionalmente incluir pequenas irregularidades, além de manter na linha de produção os tecelões humildes, é derivada da crença religiosa de que Deus é o único ser perfeito e que a tentativa de produzir algo de perfeição absoluta seria ameaçar a posição do Todo-Poderoso. Você poderá encontrar nos grossos tapetes persas uma cor principal que sofre variação de tom de uma extremidade a outra. Estas imperfeições, porém, conferem aos tapetes o caráter e a autenticidade.
A mitologia grega criou seus deuses com aparência humana, para apresentá-los como seres sujeitos à imperfeições, suscetíveis às paixões e intempéries. Não há lugares ou pessoas perfeitas e não há exceção à essa regra. Podemos ser no máximo um “insight” do bom comportamento humano. O que é perfeito, talvez a natureza, não é criação do homem que aqui vive.
O que existe é a pressão para que sejamos perfeitos. O perfeccionismo é como um relatório interminável, que mantém as pessoas completamente envolvidas numa auto-avaliação eterna, colhendo frustrações, ansiedade e depressão. Levado ao extremo, o perfeccionismo fica no meio do caminho da competência. Isso prejudica o desempenho, em vez de ajudar. A vida é temporária e condicionada a imperfeição. Aceitar a verdade da imperfeição é saudável e mesmo libertador. Não tem nada a ver com descuido e desleixo. Significa baixar a guarda e desapegar da idéia rígida e inflexível sobre como as coisas devem ser.
Poderíamos pensar em nossas imperfeições como impedimentos, mas as imperfeições são uma grande parte do que somos e minhas imperfeições não são apenas um bom instrumento de triagem, elas são realmente as chaves para a convivência comigo. Na minha vulnerabilidade, autenticidade, coragem, e, por vezes desconfortável nível de imperfeição, está o ingrediente secreto. Ao expor de forma corajosa as minhas imperfeições, liberto os outros para fazerem o mesmo diante de mim.
E você é corajoso o suficiente para compartilhar suas imperfeições? A perfeição é uma obsessão para muitas mulheres e um negócio lucrativo para os cirurgiões plásticos. Entretanto, seguimos o curso, com ruga, celulite e pele flácida aqui e acolá. Por que prender-se a um padrão de perfeição de beleza se o mesmo é inatingível? Depois repara; existe beleza na imperfeição!
Angustio-me quando as coisas começam a parecer muito perfeitas, como se isso despertasse a minha desconfiança e me fizesse gritar: “eu não confio em você até você deixar-me ver a sua sombra, sua vergonha, sua dor, tristeza, decepção, a arrogância, o julgamento, a rigidez e constatar em ti a imperfeição que marca todos nós. Somos seres imperfeitos, por isso não há vantagem em julgarmos a nós mesmos ou um ao outro, e na compreensão desta verdade está a aceitação da imperfeição, que deixada à mostra, torna-nos mais livres