Eu começo a achar que há algo de pernicioso na criação de certas regras quando prefeito de Nova York, Michael Bloomberg propôs e o Conselho Municipal de Saúde aprovou uma medida para restringir o tamanho dos copos de refrigerantes que o comércio de fast-food vende. Falta do que fazer? Preocupação deliberada com a obesidade, sobretudo das crianças americanas ou apenas uma tentativa de controlar o comportamento, restringindo as escolhas das pessoas, tentativa desastrada de usar a lei para promover um certo patrulhamento?
As regras até podem ser para o bem, o que questiono é que não cabe ao governo determinar quantas calorias posso consumir, se devo ou não fumar, ingerir açúcar ou adoçante. Cabe ao indivíduo determinar o que é bom para si e para seus filhos. Essa interferência expõe uma linha de conduta de governo arbitrário.
Há tempos o sistema de ordenamento alimentar está estourado. 1 bilhão de pessoas na terra passam fome, outro bilhão são obesos. Por aqui, os acontecimentos que ocuparam a mídia na semana passada deixaram-me apreensiva quanto ao patrulhamento deliberado e excessivo do modo de pensar e expressar sobre determinados temas. Veio o financiamento e o desfile da Mangueira e todas as matérias publicadas cobravam um posicionamento de repúdio, intolerância e de contrariedade com a forma como as coisas aconteceram; só que eu não sei como as coisas aconteceram, então como posso emitir julgamento?
O Papa renunciou e novamente os artigos publicados induziram a um posicionamento de repreensão do fato, como no texto publicado num grande jornal, onde ao Papa, um chefe de Estado, fez-se referencias chulas; Como posso eu acompanhar tal juízo se nada sei e suponho que pouquíssimas pessoas no mundo saibam o que ocorre nos bastidores do Vaticano.
Na política o mesmo ocorre. Há um véu de puritanismo nas crônicas escritas. O adversário é o corrupto, o inaceitável, mas eu? eu sou o outro lado da moeda, sou adepto da moralidade inequívoca. Será?
As gerações passadas tiveram o direito de desfrutar e destruir os recursos naturais da terra; a conta veio para a nossa geração; temos que adotar um padrão de vida sustentável para não comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir as suas necessidades. Isso é imposição de limitações! E esse patrulhamento é muito sério. Uma vida sustentável é difícil de definir e de se levar, porque se refere a tudo o que fazemos e afeta nossas escolhas diárias. O requerimento por uma postura de consumo sustentável não vem com bula de indicações e modo de usar. Na tarja preta lê-se apenas: medicamento de uso obrigatório.
Há uma pressão exagerada para que adotemos pensamentos e posturas padronizadas, mas como conciliar pensamentos e posturas iguais numa sociedade de desiguais?