Nelson Mandela, o Brasil e o amigo FHC

Em 1º de agosto de 1991, um ano após ter sido libertado da prisão, Nelson Mandela desembarca pela primeira vez no Brasil. Foi recebido com samba, inaugurou Cieps acompanhado pelo governador Brizola. A visita de Nelson Mandela nessa escola fortaleceu a ideia de igualdade. Ainda hoje, entrevistados, os alunos disseram lembrar do olhar carismático que transmitia toda a sua história e a sua luta contra a segregação racial. O legado dele ficou. Hoje é o patrono da escola.

Foi condecorado pelo presidente da República, Fernando Collor e pelo Congresso Nacional. Mais de uma vez elogiou a democracia brasileira e o belos sorrisos multi raciais que se abriam para recebê-lo. Nos anos 50, Mandela era um advogado ativo e líder carismático que militava no partido do Congresso Nacional Africano, CNA e atiçava as massas negras contra o apartheid com uma campanha de desobediência civil. Nos anos 60, após um massacre, no qual os policiais mataram 67 negros, Mandela resolveu fundar um grupo guerrilheiro para enfrentar o apartheid. Mandela ė um politico em absoluta paz com a sua história. Casou-se três vezes, teve seis filhos, escreveu um belo livro autobiográfico, que fala do espírito do triunfo sobre a opressão.

Dedicou a vida à libertacão do seu povo, começando pela militância num partido negro e pela adesão a luta armada. Passou 27 anos numa prisão, onde entrou aos 44 anos e saiu com 72 para ser consagrado como o primeiro presidente negro da historia da África do Sul, com mandato de 1994 a 1999.

Mandela inspirou movimentos contra o racismo em todo o mundo. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Voltou ao Brasil em seu último ano como presidente para estar com o amigo Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil, que o havia visitado 2 anos antes. Discursou em Brasília, falando do sentimento de irmãos separados pelo Atlântico, enalteceu o fato de o Brasil ser um destino turístico respeitável e popular, creditando o fato, ao nosso vasto território, cheio de recursos naturais, nossa criatividade, paixão e diversidade cultural. Descontraído, disse que veio também para aprender a dançar e mostrou-se orgulhoso por estar estabelecendo um contato baseado no respeito, na estabilidade política e numa agenda positiva de contribuição para ambos os países.

Entre as razões para aprofundar a amizade, citava alguns itens considerados coincidentes, como o fato dos dois países terem emergido após enfrentar problemas em suas democracias e hoje enfrentarem problemas também para superar as disparidades entre ricos e pobres; o desafio imenso de erradicar a pobreza, gerar empregos r melhorar os serviços oferecidos para a população. No tom eloquente e elegante elogiou o programa Comunidade Solidária, citado como uma lição para outros países seguirem, como forma de estreitar as desigualdades sociais.

Logo após deixar a presidência, em 2002, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu uma carta convite de Mandela para integrar a organização internacional, que ele liderava, os “The Elders”, um grupo de homens notáveis dispostos a elaborar e discutir propostas de paz, de colaboração entre os povos e nações nas áreas sociais, de saúde e educação. Fernando Henrique é o único sul-americano a fazer parte do grupo, que conta, entre outros, com ex-presidentes de alguns países, laureados com Prêmio Nobel da Paz e um ex-secretário geral da ONU.

Inevitável render homenagem a esse homem extraordinário, líder visionário que partiu dessa terra imortalizado como um símbolo de resistência e coragem.

A vida se passa na companhia da incerteza

Quantas rotas seguidas pelos homens que buscam a felicidade já foram redesenhadas? Todas as frases envolvendo a palavra “felicidade” seguramente provocarão controvérsias. Para um bom observador, a felicidade de uma pessoa pode ser bem difícil de distinguir da infelicidade de uma outra. A maioria dos homens contemporâneos considerariam óbvias as afirmação de que quem tem mais dinheiro é mais propício à felicidade do que quem tem menos, quem tem bons amigos prenuncia mais felicidade do que quem tem poucos, que gozar de boa saúde é bem melhor que estar doente. Mas essas pessoas não conseguem afirmar que as mesmas coisas que os fazem felizes hoje, continuarão a encantá-las e a lhes proporcionar prazer para todo o sempre.

Recaio sempre com as teorias de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, que no livro a Arte da Vida, analisa a possibilidade de que o caminho para a felicidade passa hoje pelas lojas e, quanto mais exclusivas, maior a felicidade alcançada. Atingir a felicidade significa a aquisição de coisas que outras pessoas não têm chance nem perspectiva de adquirir. A felicidade exige que tenhamos mais que os nossos competidores. Somos uma sociedade de compradores e estamos felizes enquanto vislumbramos a possibilidade de sacar o cartão de crédito.

A correlação entre poder econômico e felicidade é amplamente considerada uma das verdades mais íntimas e menos questionáveis, embora preferíssemos todos crer que os bens essenciais para a felicidade não tem preço de mercado, não podem ser adquiridos com cartão de crédito, porque você não vai encontrar amor nem amizade numa loja. É nossa intenção restaurar a importância das coisas que fazem a vida valer a pena e dizer que encontramos nossa felicidade quando estamos alinhados com o que somos, com nossos valores fundamentais e com a nossa verdade.

Quando fazemos isso, nós encontramos nosso fluxo. As pessoas em geral querem se encaixar, querem integrar, encontrar amigos, ser amadas e ser aceitas. É desejo de todo homem viver feliz, mas quando se trata de ver claramente o que torna a vida feliz, eles tateiam em busca da luz; e de fato, uma das dificuldades de atingir a vida feliz é que, quanto maior a energia que o homem gasta empenhando-se por ela, mais dela se afasta caso tenha errado em algum ponto do caminho. Sêneca, sobre a vida feliz.

Não existe remédio para muitos dos nossos dilemas; não importa o quanto se tente, ninguém estará livre de tentações. Porém, não há necessidade de cobiçar, invejar e apoderar-se do que é e outro. Imagine sua vida como se fosse um banquete onde você deve se comportar com cortesia. Quando os pratos lhe forem passados, estenda a mão e sirva-se de uma porção moderada. Se algum prato não lhe for apresentado, aproveite o que já está no seu. Ou se o prato ainda não chegou até você, espere pacientemente a sua vez. Você vai ganhar sua porção correta quando chegar a hora, ensina-nos Epicteto, filósofo grego.