Quantas rotas seguidas pelos homens que buscam a felicidade já foram redesenhadas? Todas as frases envolvendo a palavra “felicidade” seguramente provocarão controvérsias. Para um bom observador, a felicidade de uma pessoa pode ser bem difícil de distinguir da infelicidade de uma outra. A maioria dos homens contemporâneos considerariam óbvias as afirmação de que quem tem mais dinheiro é mais propício à felicidade do que quem tem menos, quem tem bons amigos prenuncia mais felicidade do que quem tem poucos, que gozar de boa saúde é bem melhor que estar doente. Mas essas pessoas não conseguem afirmar que as mesmas coisas que os fazem felizes hoje, continuarão a encantá-las e a lhes proporcionar prazer para todo o sempre.
Recaio sempre com as teorias de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, que no livro a Arte da Vida, analisa a possibilidade de que o caminho para a felicidade passa hoje pelas lojas e, quanto mais exclusivas, maior a felicidade alcançada. Atingir a felicidade significa a aquisição de coisas que outras pessoas não têm chance nem perspectiva de adquirir. A felicidade exige que tenhamos mais que os nossos competidores. Somos uma sociedade de compradores e estamos felizes enquanto vislumbramos a possibilidade de sacar o cartão de crédito.
A correlação entre poder econômico e felicidade é amplamente considerada uma das verdades mais íntimas e menos questionáveis, embora preferíssemos todos crer que os bens essenciais para a felicidade não tem preço de mercado, não podem ser adquiridos com cartão de crédito, porque você não vai encontrar amor nem amizade numa loja. É nossa intenção restaurar a importância das coisas que fazem a vida valer a pena e dizer que encontramos nossa felicidade quando estamos alinhados com o que somos, com nossos valores fundamentais e com a nossa verdade.
Quando fazemos isso, nós encontramos nosso fluxo. As pessoas em geral querem se encaixar, querem integrar, encontrar amigos, ser amadas e ser aceitas. É desejo de todo homem viver feliz, mas quando se trata de ver claramente o que torna a vida feliz, eles tateiam em busca da luz; e de fato, uma das dificuldades de atingir a vida feliz é que, quanto maior a energia que o homem gasta empenhando-se por ela, mais dela se afasta caso tenha errado em algum ponto do caminho. Sêneca, sobre a vida feliz.
Não existe remédio para muitos dos nossos dilemas; não importa o quanto se tente, ninguém estará livre de tentações. Porém, não há necessidade de cobiçar, invejar e apoderar-se do que é e outro. Imagine sua vida como se fosse um banquete onde você deve se comportar com cortesia. Quando os pratos lhe forem passados, estenda a mão e sirva-se de uma porção moderada. Se algum prato não lhe for apresentado, aproveite o que já está no seu. Ou se o prato ainda não chegou até você, espere pacientemente a sua vez. Você vai ganhar sua porção correta quando chegar a hora, ensina-nos Epicteto, filósofo grego.