A família, a escola e o mundo

Transformar-se e transformar o mundo. Essa ideia seduz e traduz a busca pela realidade com a qual se sonha e se luta, vencendo as barreiras que limitam a vida social e pessoal. Não se faz isso sem esperança, ensina-nos Paulo Freire para quem, a luta pela transformação do mundo e de si mesmo é uma luta sem fim.
O que de fato almejamos? Quais são os nossos sonhos diurnos para 2014? Preocupa-me a escalada da violência que tem causado mortes precoces, mas sonho mesmo com a educação de nossas crianças. A educação deveria ser o tema central nas discussões públicas. Uma criança educada com princípios de bondade, de compaixão, com muita leitura, provavelmente não se juntaria aos bárbaros que agiram no estádio, em Joinville. A educação de que falo começa, segue e termina fundamentalmente com a família. É a ela que compete educar e a família não deve delegar inteiramente à escola a sua autoridade moral. As crianças devem ser amadas, protegidas e integradas pelas famílias e orientadas pela escola. A escola é um agente de educação, de iniciação da criança na sociedade, mas na escola são usadas as forma de estimular as qualidades da inteligência, mais do que as qualidades de caráter, que cabe a família.
Os pais põem filhos num mundo que já existia, velho, cheio de crises, de vícios e acabam responsáveis pelos seus filhos e pelo próprio mundo. Contraditoriamente tem que cuidar e proteger a criança, para evitar que o mundo a estrangule. Então família, é sobre ti que recai o papel de acompanhar o crescimento e desenvolvimento harmonioso dos seus recém-chegados. É dentro do limite do seu muro que se desenrola a formação de um ser cidadão. Comparados, o lar e a escola são muito pequenos frente ao mundo e na medida em que a criança não conhece ainda o mundo, devemos introduzi-la nele gradativamente.
Entre um apontamento sábio e outro, Durkheim ao falar da educação das crianças tanto na família quanto na escola, coloca-se contra as punições. Diz que o castigo corporal é a negação da dignidade e que qualquer punição perde eficiência cada vez que é utilizada. Os pais precisam exercer influencia sobre os filhos e os educadores sobre os alunos. Tempos atrás essa sintonia era sentida nas atitudes de reprovação: um gesto, um olhar ou o silêncio. A educação não tem no indivíduo seu único e principal objetivo; é acima de tudo a forma pela qual a sociedade recria perpetuamente as condições da sua existência. A educação tem que estender-se até o ato de modelar socialmente o indivíduo, tornar os jovens autônomos, dotados de capacidades de pensamento crítico e reflexivo, essenciais para o desenvolvimento de sociedades civilizadas e democráticas.
A responsabilidade da família e da escola estão intrinsecamente ligadas, visto que são complementares. Diante da agressão, da brutalidade a que estamos todos expostos, o objetivo maior da educação deve ser o de verter na criança uma moralidade humanística, de lhe dar um sentimento constante de dignidade.
A escola bem poderia ser o elo a facilitar a transição da família para o mundo.

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