Como esquecer o Araguaia?

Sair da zona do conforto, ir até as pessoas, conversar, perguntar, ouvir, é seguramente a melhor forma de saber a verdade. De uma sala distante, o máximo que se tem são impressões frias e achismo, o que leva alguns políticos a trafegar na contramão da realidade regional por vários anos. E olha, não se corrige impressões desfocadas com uma única viagem. No site do Senador Pedro Taques, em matéria sobre sua visita a Região do Araguaia está escrito literalmente assim: “Há 40 anos cidadãos desta região sonham com o asfalto na BR-163”. Gelei! A BR 163 não passa na região.

Não se trata aqui, é claro, de mostrar um Estado perfeito e irreal, mas mostrar as possibilidades que se abrem com trabalho sério, embates e entendimentos entre pessoas comprometidas com o futuro. O Mato Grosso visto por quem viaja por todas as regiões, em períodos de chuva, de estiagem, frio e calor, não está parado, tampouco apodrecido, como foi noticiado. É com o povo que o político deve estabelecer parceria para exercer o mandato, desde o primeiro dia. Mas convenhamos, essa parceria exige um relacionamento de ida e volta e constante. É desolador e parece irônico assistir a entrevista de um político, 03 anos após assumir o mandato, dizer que é uma alegria conhecer as pessoas corajosas de Luciara. Só conheceu agora?

Os problemas soam enormes quando se fica muito tempo distante deles. Porém, não se pode esconder a obra de pavimentação entre Santo Antônio do Fontoura e Confresa, a ligação de Santa Terezinha a BR 158, através da MT 413, a ligação de Canabrava a Porto Alegre do Norte, fora os trechos que tiveram os contratos assinados, como S. José do Xingú, Santa Cruz do Xingú e Vila Rica; a publicação do edital para construção do Hospital Regional em Porto Alegre, que dia 28 próximo já terá o edital disponibilizado para os interessados, a autorização para construção de uma nova escola do EJA na mesma cidade. É preciso saber mensurar o que isso significa para quem mora lá. O Governo esteve presente na região no final de abril do ano passado quando lançou as obras e retornou essa semana, após 9 meses para inaugurá-las.

Percorremos de carro de Cuiabá a São José do Xingú e o único trecho sem asfalto é do Alô Brasil a Canabrava do Norte e lá na frente, depois de Santo Antônio do Fontoura. Isso significa avanço para quem conhece e visita o Araguaia frequentemente como eu, para quem faz públicas e reiteradas declarações de amor ao pedaço desse Estado que pertenço de nascimento e de coração. Conheço os números da produção, a extensão das obras, o tamanho da pobreza, dos quilômetros com e sem asfalto. Não há milagre, tampouco milagreiro.

O progresso é fruto do trabalho do povo, com intervenção dos Governos para consolidar as ações necessárias para o desenvolvimento da região.
Falta muito? Falta! Mas daí a referir-se ao Araguaia como Vale dos Esquecidos é quase uma afronta. Como dizer isso de uma região onde está o Parque Indígena do Xingú, o Parque das Águas Quentes, a Serra do Roncador e sua aura mística, o Rio das Mortes, e o mais belo dos rios do Brasil; o Araguaia? Como chamar de Vale dos Esquecidos a região que tem um leilão de gado que bate recorde mundial?
Como chamar de Vale dos Esquecidos o lugar onde está a casa do bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, Dom Pedro Casaldáliga?

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