É da natureza do homem buscar poder e privilégio

Debruçada em estudos, debates, seminários sobre as implicações que o distanciamento entre os homens pode causar na construção de uma sociedade mais justa, li em Hobbes que jamais nos encontraremos numa situação de igualdade, porque é assim o homem, um caçador natural de poder.

A igualdade pode ser fundamental, mas a desigualdade é promovida pelo próprio homem, que avidamente busca por bens e formas de recompensa, nem somente financeira, mas também em termos de poder, para distanciar-se dos outros e assim, do alto do poder conquistado, dominar os que estão nas camadas abaixo. Enfim, as desigualdades sociais entre um indivíduo e outro dentro das sociedades estão em toda parte e é promovida por causas variadas, como fator econômico, poder, status, e está também associada a questão da cor e do gênero.

Em vários autores, entre eles, Platão e Santo Agostinho, a desigualdade social é confirmada como um elemento da natureza e não produz necessariamente resultados maléficos. Dentro desse contexto, nos lembramos que a sociedade idealizada por Platão, já seria desde o princípio, estruturada em classes distintas; os guardiões, os auxiliares e os trabalhadores. Maquiavel, ao ensinar a governar as massas, evidencia a desigualdade entre uma força e outra. A força que governa teme a massa, exatamente pelo distanciamento em que se encontram e pelos interesses antagônicos que defendem.

O Estado bem poderia ser o agente que viabilizaria a existência da sociedade em suas diferenças, ser o equilíbrio entre as classes. Mas o Estado legisla para proteger a propriedade e a elite que a possui. Os indivíduos que ocupam posições diferentes, tem naturalmente interesses distintos. Por conseguinte, haverá sempre uma classe dominada e outra dominante, que por ter poder, controla ou influencia as ações do Estado.

Em meio a criticas e alguns conceitos vagos, o juízo de valor que as pessoas fazem umas das outras dependem do poder que exercem, da riqueza que possuem e do prestígio que desfrutam e são elementos fundamentais para constituir a desigualdade social. Aquela velha história de ser reconhecido pela roupa que veste, pelo bairro que mora, pelos lugares que frequenta. Outros fatores são acusados de promover desigualdade social, como por exemplo, a desigualdade de gênero, que tem raízes históricas. Os homens são evidentemente mais ricos, gozam de melhor status e são inegavelmente, nem por isso justo, mais influentes do que as mulheres.

No Brasil, mesmo considerando todo investimento nos programas de elevação da renda, há um vasto mundo de desigualdades separando os indivíduos, ora por região, pela cor, pelo gênero, pelo distanciamento cultural, pelo status e pelo poder político. A desigualdade social, que pode ter sido escancarada pelo processo de globalização, sempre foi um incômodo para o país, que tristemente vivencia todas as formas de desigualdade citadas pelos autores estudados. Alguns autores minimizam seus efeitos negativos, outros as reconhecem como resultados naturais das lutas empreendidas por indivíduos naturalmente desiguais.

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