A Mídia e os Eleitores

Dias atrás li a queixa de um parlamentar federal acerca da cobertura jornalística feita nas instituições políticas, em particular no Congresso Nacional. Diz o parlamentar que as matérias feitas, de modo geral, não contribuem para se ter uma avaliação adequada sobre o funcionamento e desempenho do Parlamento, pois são essencialmente negativas e não fazem distinção entre o desempenho medíocre de alguns membros dos deputados e senadores que realizam bom trabalho nas comissões parlamentares.

Houve uma proliferação de programas, considerados jornalísticos, voltados a persuadir os eleitores considerados desinteressados em política ou indecisos. É nítido que os meios de comunicação exercem determinado grau de influência nos eleitores, porém, creio que é muito difícil analisar com a profundidade de uma pesquisa, a extensão com a qual a propaganda política contribui para a consolidação ou transformação do voto. A mídia foi amplamente considerada um elemento auxiliar nas tomadas de decisões e esta foi uma das razões das críticas, porque esta função estaria em desacordo com o ofício de seleção, construção e transmissão da informação ao eleitor.

Como imparcialidade e neutralidade não existem em questões políticas, os proprietários dos meios de comunicação se relacionam com os políticos, seguem determinadas correntes ideológicas e pessoalmente pendem para um lado ou para outro, o que é absolutamente natural, desde que reservem tempo e espaço igual, nas mídias que dirigem, para todos os candidatos. Sem nenhuma intenção de relativizar a influência dos veículos de comunicação na campanha eleitoral, tomo para análise o perfil dos dois deputados estaduais eleitos com a mais expressiva votação em Mato Grosso; o deputado com grande poder de articulação, grupo político consolidado, é notadamente avesso à aparição na TV e somente agora inicia uma movimentação tímida nas mídias sociais.

A propaganda política não lhe fez falta alguma e confirmou-se o que era esperado; foi a campeão de votos, uma jovem moderna de 25 anos, com milhares de seguidores nas mídias sociais, teve a votação prevista desde o início do pleito, a maioria eleitores herdados do pai, segundo a própria deputada. Confirma-se aqui a vitória dos deputados, baseada nos seus grupos de relacionamentos.

A realização de eleições democráticas é um processo extremamente competitivo e apesar da leitura crítica e da contraditória eficácia, é inegável que os meios de comunicação tem relevante papel social nas eleições, transformando as campanhas em algo mais dinâmico, com mais diálogo. Sendo que muitas pessoas buscam informações sobre política nos noticiários, é particularmente importante que os meios de comunicação adotem uma abordagem balanceada e imparcial nos noticiários, reportando os fatos sem nenhum tipo de discriminação contra este ou aquele candidato.

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