A dramática situação de milhares de pessoas que migram buscando um lugar de paz e sustento para si e suas famílias, está assombrando os líderes políticos mundiais e exigindo de nós, cidadãos, cobrança e posicionamento mais humanizado. Há de haver um meio de tornar digna a permanência dos imigrantes em terras distantes.
A resposta só pode ser global, dada a complexidade dos problemas; o aumento da migração empurrada pela pobreza extrema e pelas guerras e a fragilidade da situação econômica mundial. Em 1985, vários países europeus assinaram o Acordo de Schengen, que estabelece um sistema livre de transito de pessoas e mercadorias de um país para outro sem barreiras e com política de visto comum a todos os países, permitindo que o cidadão de um país membro pudesse circular pelos outros países, sem enfrentar qualquer controle.
Porém, nem entre os iguais há confiança e acolhimento e o Acordo de Schengen tem sido amplamente discutido, no sentido de permitir que os países membros apertem a fiscalização em suas fronteiras contra os próprios signatários, devido a desconfiança, tensão e atrito entre países do bloco.
Milhares de refugiados estão fugindo de países devastados pela guerra, como a Síria e o Afeganistão, para a Europa. Arriscam suas vidas e quando vencem as tormentas do mar, chegam na Itália, Grécia, Turquia e Hungria, são deixados nas ruas.
É indesculpável que os governos recrudesçam a vigilância sobre suas fronteiras para os refugiados e pobres e falham na indicação de uma política humanitária emergencial. Dentro da União Europeia, a Alemanha tem empreendido um esforço gigantesco para minimizar a situação.
Outros líderes mundiais, em vez de abrir os corações e a pátria para os povos desesperados, que fogem da brutalidade e dificuldades inimagináveis, demonizam e rotulam os imigrantes.
Todavia, muitos destes líderes políticos influenciam e contribuem para a desestabilização do Oriente Médio, Ásia e África, enviando carregamentos de armas e tropas. Enquanto investirem nas zonas de guerra, o mundo continuará a produzir um extraordinário número de refugiados e migrantes nos anos vindouros.
Não mais basta assinalar as causas estruturais dos dramas sociais contemporâneo. Estamos horrorizados e comovidos, tocando na ferida aberta e isso talvez estanque as teorizações abstratas ou indignações não reveladoras da origem de todo esse horror.
É preciso que os povos retomem o direito de serem artífices do seu próprio destino, de caminharem sem tutelas herdadas do colonialismo e sem o jugo do mais forte sobre o mais fraco.
A propósito o Brasil já concedeu mais pedidos de refúgios para os sírios desde que o país entrou em conflito. O número é superior ao de muitos países da Europa, como Espanha e Portugal, aponta a Eurostat, agência de estatística da União Européia.