A reconciliação é um processo de cura de relacionamentos que requer partilha de verdade, pedido de desculpas com o fim de reconhecer e reparar danos passados. A reconciliação requer uma ação construtiva também para abordar os legados em curso que tiveram impactos destrutivos sobre a educação, a cultura, investimentos na área de segurança e saúde, na administração da justiça e de oportunidades de prosperidade.
A reconciliação deve criar uma sociedade mais equitativa e inclusiva, fechando as lacunas nos resultados sociais que existem. Para algumas pessoas, reconciliação é o restabelecimento de um estado que já foi conciliatório e depende de vontade política, transparência e investimento considerável em diálogo para a reconstrução da confiança, que esvaiu-se.
Reconciliar não é esquecer as falcatruas, fraudes, caixa dois nas campanhas, os privilégios os atos secretos do Congresso Nacional e as ações corruptas da maioria de seus membros. Reconciliar não é tomar como verdade a santificação que a mídia promove de alguns ou a satanização de outros, não é ficar indiferente ao genocídio na longínqua cidade de Aleppo, não é esquecer os refugiados que morreram em suas travessias. Reconciliar é dar as mãos para resolver tudo isso, em que pese a dificuldade de conciliar os conflitos e as diferenças, numa sociedade moderna e individualista.
A racionalidade existe para sobrepor em força a emoção contida nas ideologias, mas há pouco…quase nenhum grau de confiança no momento em que abusos e erros políticos conduzem nossas vidas a um rumo temido e imprevisível. De alguma forma precisamos sentar e corajosamente falar sobre a política pública que não chega na ponta, sobre as modalidades novas de violências, sobre porque a culpabilidade e a impunidade de muitos afetam a existência de todos nós.
A urgente expansão do diálogo público rumo a possibilidade de reconciliação nacional é fundamental para nossa sobrevida sã nos próximos anos.
A relação entre o governo e o povo está se deteriorando quando precisa avançar. Sem verdade, justiça e honestidade não pode haver uma verdadeira retomada da confiança, pois que, reconciliação não tem a ver com fechar um triste capítulo do passado mas, encontrar novos caminhos forjados na verdade e na justiça social para prosseguir. E quais são os bloqueios para a reconciliação?
Talvez seja nossa incapacidade, como cidadãos e dos governos em reconhecer o distanciamento e a ruptura do relacionamento. Mas tão importante quanto reconciliar é promover a cura do povo acometido pela descrença e desânimo diante das promessas vãs de dias melhores.
Não há nada melhor para uma socióloga cheia de sonhos, dizer algo que indica a existência de uma porta. Isso dá volume ao meu senso de propósito na missão pública que exerço, de analisar, vigiar e quando possível interferir nos acontecimentos sociais.
Não sugeriria, , nem por um minuto que as injustiças, as desigualdades e as exclusões que estão vivas na vida cotidiana devam ser relevadas; pelo contrário, sugiro que as pessoas se recusem a ser esmagadas por essas forças estranhas que vem patrolando nossos direitos e apresento a reconciliação porque ao lado das más razões, existem também boas razões para se acreditar no homem.