Muro & Unificação

Num momento em que o ditado “boas cercas fazem bons vizinhos” parecia em desuso no mundo moderno, eis que, entre críticas contundentes, condenação de chefes de Estado, o presidente americano assina a ordem de serviço para a construção de um muro monumental na fronteira com o México. Sinceramente?

Nenhum muro é alto o suficiente para proteger o homem de si mesmo, de suas ideias retrogradas, do menosprezo à política de proteção aos imigrantes e aos direitos humanos. Além do mais, a construção do muro não tem apenas o propósito bárbaro de barrar os estrangeiros; representa a arrogância do império erguendo um forte para proteger-se de ataques da convivência com o mundo externo.

Na África do Sul a construção é outra. Não são obras físicas, são atitudes de reunificação, a vigilância permanente contra qualquer forma de preconceito. Embora o termo tenha sido mergulhado em controvérsia, tornou-se parte do discurso social, político e educacional da África do Sul quando se fala em nacionalidade, em acolhimento aos africanos que migram de países vizinhos e quando se fala em respeito ao país.

E a transformação e continuação do país numa sociedade genuinamente livre do preconceito, da retaliação é essencial para manter saudável a democracia sul-africana, de apenas 22 anos.

Obviamente que as consequências geradas durante o período do apartheid produziram consequências intensamente negativas, sobretudo na vida dos negros, principalmente quando se lê sobre educação e economia. Mas a trajetória da África do Sul é no sentido de reconhecer que desde a instalação do regime democrático, a privação dos direitos tanto aos negros quanto aos brancos é coisa do passado e que a educação, e somente a educação é a força capaz de transformar os seres humanos em forças produtivas.

Conversando com o vizinho da família sul-africana onde nos hospedamos em Pretória, fiquei orgulhosa e surpresa ao ser informada pelo senhor, que é chefe do departamento de Políticas Sociais do Governo Jacob Zuma, que esteve no Brasil várias vezes, para conhecer e estudar o programa de transferência de renda brasileiro, Bolsa Família, que deve ser implantado pelo governo para aliviar as evidências da pobreza, que avança, como em todos os países em desenvolvimento.

Do outro lado, a vizinha é pedagoga, especialista em educação vocacional e treinamento de graduados e também relaciona-se profissionalmente com Brasil. Já esteve em São Paulo e Rio, proferindo palestras e em novembro próximo retorna a São Paulo e Rio e deve ir a Belo Horizonte também.

Mas nada neste país segue adiante sem citar Mandela, sem reverenciar a luta contra o apartheid. Não é para esquecer, mas é para seguir adiante. Os 27 anos que passou no presídio de segurança máxima na Robben Island deixou marcas em toda parte da ilha, cerca de 30 minutos de barco da bela Cidade do Cabo.

Quando abrigava o famoso presídio, a ilha tinha cerca de 1,2 mil moradores fixos, que eram os familiares dos funcionários do governo; agentes penitenciários, policiais e agentes administrativos. À frente da cela onde Mandela cumpriu pena, é impossível controlar o pensamento e não destinar certo ódio aos que lhe impuseram a condenação. Uma pequena mesa, uma moringa de água, um colchão e uma pequena cama, que o prisioneiro teve direito, nos anos finais de confinamento.

Lá fora, perto do campo de trabalho, uma caverna, onde os presos faziam as necessidades fisiológicas e as cobriam com terra. Por ironia da maldade, o mesmo local onde recebiam os pratos de comida, sem talheres e sem água para lavarem as mãos. Sobreviveu. Transformou a ditadura do apartheid numa democracia. Presidiu o país, fez seu sucessor, Thabo Mbeki, que era seu vice-presidente. Kgalema Petrus governou o país por ano e, desde 2009, a África do Sul é dirigida por Jacob Zuma. Todos negros e do mesmo partido de Mandela, o ANC.

Ubuntu

Viajar para a África do Sul era sonho antigo, alimentado pelos laços familiares que nos une a uma família sul africana, com a qual mantemos um relacionamento impressionantemente forte, como se parentes fôssemos. Viajamos de Cuiabá em cinco pessoas, minha filha partiu da Austrália para Pretoria em grupo de quatro pessoas, e lá cá estamos nós vivendo uma experiência absolutamente indescritível nesse país maravilhoso, sendo envolvidos por certo sentimento de pertencimento.

A família mora em Pretoria, a Capital do país,  uma cidade calma, totalmente verde, situada entre vales e pequenas montanhas, com cerca de 800 mil habitantes, mas é constantemente sacudida pela proximidade com a efervescente Joanesburgo, um lugar que exala um sentimento permanente de comunidade, com seus subúrbios que mais parecem pequenas florestas verdes, além de ser o centro financeiro e de tensão política do país.

Quem quer ser bem votado nas eleições trata de marcar presença nas sinuosas ruas de Joanesburgo. As duas cidades são intrinsecamente ligadas  e o país está unido num sentimento verdadeiro de Ubuntu – senso moral de comunidade, de ser o que quer que seja, juntos.

Pois bem, em Joanesburgo a tensão e emoção convivem lado a lado numa simbiose para contar, recontar, impressionar e resguardar a história da impressionante luta contra a segregação racial, que eles chamam de apartheid. Na própria entrada do Museu do Apartheid, leva-se um susto. Aleatoriamente no ingresso estão escritas as palavras “não branco e branco”. Ao receber o ingresso tem-se que entrar pelo portão indicado.

Ou seja, as famílias são separadas para que momentaneamente possam perceber e dimensionar o que representa a separação das pessoas baseadas nas suas raças. Os vídeos, dezenas e exibidos simultaneamente, vão nos fazendo entrar no universo tenebroso do preconceito racial levado às últimas consequências.

Nelson Mandela é indiscutivelmente um capítulo à parte na história da África do Sul. Metade do que se vê e ouve sobre a luta contra regime do Apartheid é creditado à coragem impressionante de Mandela e aos métodos de não violência pregados e utilizados por ele, para por fim na história das vidas separadas de brancos e negros. Não é sem razão que após cumprir sentença de 27 anos na prisão, elegeu-se presidente do primeiro governo não racista e seu rosto hoje estampa todas as notas do dinheiro local.

As imagens expostas no museu são cortantes, a ambientação dos fatos chocam muito, como a construção das celas solitárias e espaço que retrata o local dos enforcamentos. Uma sala cheia de cordas penduradas no teto, caindo sobre quem adentra o espaço. Com o olhar ansioso e fixo nas paredes, encontrei o que procurava. A história de um movimento de revolta dos negros intelectuais, chamado Consciência Negra (Black Consciousness Movement), liderado pelo médico ativista Steve Biko, que mobilizava multidão para as manifestações contra os abusos e assassinatos e acabou sendo assassinado na prisão em 1977.

E pensar que tudo isso faz parte da historia recente da África do Sul, que homenageou Biko, emprestando seu nome ao maior hospital público de Pretoria. País adentro,  cerca de 400 km de Pretoria, no sentido de Mauputo, Capital de Moçambique, em duas vans lotadas adentramos às savanas para visitar o Parque Nacional de Kruger,  a maior reserva de vida selvagem da África, para tentarmos a sorte de contemplar os exuberantes animais que habitam o parque, mantido pelo governo.

Hospedados por três dias no meio das savanas, saíamos as 4 da manhã para vê-los despertando. E eles iam aparecendo, leoas, girafas, famílias inteiras de elefantes, zebras, rinocerontes, hipopótamos, crocodilos, hienas, impala e tantos outros. Os elefantes desfilam em famílias inteiras na frente dos carros, as girafas, não sei porque, transmitam certo romantismo, molengas, nos espiavam sem desconfiança alguma. O guia nos alerta quanto à ferocidade dos hipopótamos. São extremamente agressivos. Os leões não aparecem frequentemente. As leoas vão  à caça todos os dias. Foi uma sensação poderosa vê-las tão próximas.

Chegamos na Cidade do Cabo, distante 1,3 mil km da Capital. A visão esperada das belas praias de águas geladas e da “Table Mountain” logo surgem deslumbrantes. Mas o propósito é outro. Vamos visitar a Robben Island, uma ilha que abrigou o presídio de segurança máxima entre o século XVII e século XX, e tornou-se um símbolo do triunfo humano sobre as injustiças e o da liberdade sobre a opressão.

Temporalidade, tecnologia e amor

Sabe quando a temporalidade do mundo contemporâneo, a experiência do tempo em si, parece estar derretendo dentro das linhas outrora sólidas de linearidade? Sabe, quando embarcamos numa viagem exploratória do mundo online e a vida se torna mais apressada, cheia de atividades e nós respondemos com mais impaciência, ansiedade e distração?

Sabe quando uma crescente inquietação pós-moderna e o tempo marcado pelo consumismo, liberdade, amor, tecnologia exercem forte e tirânica pressão nas nossas vidas? Sabe quando a relação do indivíduo consigo mesmo e com os outros, adquire um conceito novo e tudo baseia-se numa verdadeira metamorfose?

São consumidores consumindo e sendo consumidos no auge do processo de globalização, que atinge agora uma das fases mais agudas e extremas. Pois bem, na convergência entre identidade e consumo reside uma das principais características da nossa época.
Sabe quando você espera que seu celular esteja sempre tocando, que mensagens brilhem na tela para que se confirme que você tem um turbilhão de caminhos por onde deslizar? Não importa que as conexões tenham vidas curtas, que sejam de uma fragilidade irreparável. Há sempre novas promessas de relacionamentos para serem testadas.

Sabe quando o excesso de consumo desagrega nossas relações e as tornam fracas e fragmentadas? Mas é esta a chave da nossa felicidade!  Por incrível que pareça, estamos exibindo e compartilhando o retrato das experiências que dependem da imaginação mais do que da coragem, para quebrar a ordem e experimentar caminhos nunca antes vislumbrados.

Pois bem, toda essa experiência abrangente de viver o imediatismo, que reduz a durabilidade dos vínculos, o excessivo amor a si mesmo e a auto-imagem, a super exposição à luz dos efeitos da globalização, foi chamada de “modernidade líquida”, por Zygmunt Bauman, o adorável e sensível sociólogo polonês, um dos melhores do mundo e o melhor interprete do nosso tempo, que nos deixou semana passada, aos 91 anos de idade.

Ele estudou por mais de uma década e meia o fluxo da modernidade, o afrouxamento dos laços sociais, a reposição de pessoas nos relacionamentos, como se fossem peças necessárias para manter a máquina humana funcionando. A modernidade líquida é, portanto, a concepção de Bauman de como o mundo hoje nega os relacionamentos duradouros e sólidos que lutou tanto para criar e manter.

Não é necessariamente uma visão otimista da modernidade, porque a inquietação da vida, os recomeços constantes, o desapego as estruturas de relacionamentos confortáveis, a falta de preocupação com o outro, o exagerado apego a própria imagem, constatado nas sessões incessantes de fotos, através das selfies, onde estrelamos nossos próprios filmes e  nos dá o senso de domínio do nosso mundo e dos que nos cercam.

E por amigos, atendem todos que meramente foram adicionados às nossas redes sociais. E o amor? Não, não deve caber amor nesse universo moderno e líquido, diz Bauman num alerta, e acrescenta: “porque amor é, ou ameaça ser, o antídoto contra o narcisismo”.

Sem sombra e água fresca

O ano efetivamente começa sob o signo da incerteza e do medo, com as chagas das chacinas ocorridas nos presídios nos estados do Amazonas e Roraima e no lar de família brasileira, em Campinas. O PMDB governa o país sem, de fato, conseguir estabilizar o sentimento de desconfiança e intranquilidade.

Ministros falam e fazem besteira a toda hora e prejudicam a governabilidade de Temer. No auge de duas rebeliões nos presídios citados, com expressivo número de mortos, o mínimo que o ministro da Justiça pode fazer é admitir um estado de guerra entre facções criminosas, que se organizam e se fortalecem dentro das prisões.

Mas o ministro é dado às contradições. Ora reconhece, ora furta-se a reconhecer o conteúdo de ofício assinado por ele próprio, enviado ao Governo de Roraima, negando ajuda, quando lhe foi exposta a explosiva gravidade do sistema carcerário do estado. Ao término da contagem dos mortos, fechando os caixões, o insignificante secretário Nacional da Juventude de Temer critica que a mídia valorizou excessivamente os marginais e conclui que deveríamos ter uma chacina por semana no Brasil.

Do Congresso Nacional, um deputado do Solidariedade de São Paulo, conclama os presos do maior presídio de segurança máxima, Bangú I, a promover matança maior, capaz de superar o número de mortos nas duas chacinas.  Não defendo bandidos nem idiotas. Pessoas com cargos públicos não deveriam emitir juízos de valores particulares em situações complexas e públicas.

Porque para mim trata-se de preconizar a volta à barbárie. Certo que, no caso, não há como separar o joio do trigo. Morreram marginais, ponto. Mas é dever do estado, de certa forma, patrocinar essa atrocidade? Pode membro do staff do governo fazer apologia a essa violência medieval?
Foi demitido e condenado ao ostracismo o inexpressivo secretário e aguardamos agora as medidas de segurança que serão adotadas para impedir que essas cenas brutais não se repitam em outros estados, inclusive aqui em Mato Grosso, e viajem mundo afora, denunciando o descaso, o desgoverno, no qual estamos todos mergulhados.

No exterior, 2017 irrompe com um ato de guerra à democracia americana e leva os russos a vencer a eleição presidencial nos Estados Unidos. A conclusão consta nos relatórios da Agência Nacional de Segurança, da CIA e do FBI, que apontam para a certeza que os espiões russos acessaram dados que foram excessivamente manipulados e divulgados para enterrar a possibilidade da vitória dos democratas.

E assim, o casal Obama despede-se da Casa Branca, tentando passar aos jovens americanos o sentido de pertencimento ao país; aos imigrantes, a sensação de serem parte da melhor nação do mundo para se buscar uma oportunidade. Realmente, o multiculturalismo firma-se como valor do futuro e temos todos que aprender a aceitar às diferenças.

Agora vamos vagarosamente entrando em janeiro, com esperança de que o mal tenha vindo logo, em dose única.

Tudo nos diz respeito

Somos hóspedes de uma passagem. E não devemos parar no meio de uma passagem. Precisamos, então, nos arriscar, educar para o enfrentamento, para perder o medo que se tem hoje, até das situações cotidianas, como atravessar as ruas, tomar um ônibus, medo de aceitar as falhas, de aceitar-se. Medo… de quase tudo.

Porém, a chave paradoxal para nossos acertos é admitir os erros de forma saudável e autêntica. Devemos ser seres com interrogação constante e fazer dos questionamentos e tentativas, o eixo das nossas existências, considerando as informações críticas que nos ajudam a aprender e adaptar-nos às novas experiências.

Em qualquer idade e tempo não há nada de errado quando vacilamos, quando ficamos abaixo das expectativas que muitos consideram realistas. Enfrentar momentos de decepção, preocupação sem varrer lixos emocionais para debaixo do tapete é como explorar as frustrações, tornando-as um exame de autoconhecimento, uma luta interna para aprender a correr riscos e preencher o vazio de identidade que acomete principalmente indivíduos jovens.

Seja qual for a vida escolhida, sempre há riscos envolvidos e é preciso coragem para se virar nesse mundo de códigos e regras, que tentam controlar seres instáveis, deslocados e muito ocupados, a maior parte do tempo. Banalidades e rotinas nos levam a parar de sonhar, a trafegar comodamente por vias confortáveis de mão única.

Entretanto, não é certo ficarmos alheios àquilo que diretamente nos diz respeito. E tudo nos diz respeito, da vida à morte, tudo afeta nossa essência flexível, instável, remanescente das incoerências de que somos todos dotados.

No mundo de incertezas temos que sair por aí, buscando resolver os problemas de um só golpe, e como não falhar se sequer sabemos se, por inércia ou intencionalmente, vamos empurrando para outras pessoas e contextos a causa e consequência das nossas inevitáveis frustrações.

A culpa, contudo, não é dos outros, mas pode ser uma somatória de tudo: rusgas do passado, traumas de infância, a sociedade que é má, a falta de oportunidade, de saúde ou educação. Não transfira os problemas. Escolha reconhecer os erros, não temer recomeços e ir em busca de novas perspectivas para a vida que está morna.

Se falhar, não perpetue no sofrimento e interrogue as questões mais controvertidas que podem ter causado frustração e mude. A coragem de mudar, assumir riscos é essencial em qualquer altura da vida. E não estamos falando de saltar de pára-quedas, e, sim, arriscar o que se sabe e o que se tem em troca de uma chance de reinventarmos nossas vidas.

Aceitar, enfim, que viver é ter que conviver com ideias contraproducentes, inábeis e erradas e que muitas vezes, diante da complexidade que é viver, é impossível não fracassar. Mas não desista de seus sonhos e que nunca lhe falte ousadia para arriscar!

2016 – O ano que desmantelou-se

Houve muitas forças nos dividindo em 2016, de pessoa para pessoa, de partido para partido, de grupo para grupo. Não se pôde gozar do direito à dúvida. Tivemos que ser contra ou a favor das ideias, estar com ou contra determinada pessoa ou grupo político.

De certa forma, essa é uma analogia apropriada para o desempenho decepcionante do ano de 2016, e não há receita do que é necessário fazer para combater a instabilidade financeira e o agravamento do mal-estar econômico e político que pode e deve irromper no ano de 2017.

Foi um ano ruim em todos os aspectos, considerando o desempenho local ou  global. Um período economicamente frustrante, de crescimento insuficiente e disperso, onde o governo brasileiro não conseguiu ajustar seus gastos e não sabe o que inventar para gerenciar a economia.

Isso combinado com o progresso insuficiente nas questões centrais das reformas estruturais prometidas aqui no Estado e no município também.

Enfim, as condições econômicas se mantiveram difíceis, e a política da revolta acabou acentuando-se por toda parte. A economia e a política tornaram-se cada vez mais interligadas em um ciclo problemático e ameaçador, que já dura mais do que as pessoas podem suportar, no sentido de viverem arrochados. A desigualdade nos mobiliza, os discursos controversos tentam esconder a disparidade gigante entre o que os poderosos dizem e a vida que as pessoas levam. 2016 foi um ano de desastre atrás de desastre, que levou-nos a experimentar e viver sob certa onda de imensa inquietação nacional e global e local.

Será que não há um caminho de equilíbrio entre o capitalismo e a solidariedade, o respeito pela força de trabalho e o compromisso com a educação, saúde e segurança para amenizar a fúria do que foi o ano de 2016?

A arrogância e a ignorância não combinam com esse quadro impressionante de desmantelamento. É hora de ser humilde, repensar, ouvir as pessoas, optar por mudanças, o que não significa sucumbir aos incitadores do quanto pior melhor, nem se deixar levar pelo modismo de menosprezar a verdade e esconder-se atrás das mídias para disseminar maldades e boatos. Não foi fácil habitar no universo on line em 2016. As coisas feitas e ditas se espalharam velozes e distantes antes que tivessem tempo de encobri-las ou nega-las.

Lá fora, embora seja muito cedo para julgar, provavelmente a possível aliança entre os presidentes Trump e Putin mudará inexoravelmente o cenário político internacional, fortalecendo homens de verborragia truculenta e ações igualmente temidas. Por certo, a impetuosidade de ambos respaldará a carnificina promovida pelo ditador Sirio Bashar al-Assad.

E como resistir ao nacionalismo global e o avanço desses líderes autoritários? É preciso fazê-lo, de uma forma ou de outra, utilizando os contrapesos inibidores do exagero: as ruas, a imprensa e os tribunais.

Tomara que eu tenha argumentos impecáveis e abundantes para defender o ano de 2017.