Sem receita de bolo

Quem está no comando do país não importa tanto quanto ver em curso a reforma política que o Brasil urgentemente precisa. Na opinião de analistas políticos e economistas, o presidente Temer tem melhores condições para comandá-la, dado ao relacionamento com os deputados e senadores para aprovar esta e outras reformas, porém, os fatos recentes que envolvem o presidente em práticas suspeitas podem fazer declinar tudo isso.

Crises são imponderáveis. O fim é incerto e endossar uma saída ou outra, embora temerário, vai fazendo-se necessário, para dar contorno final à crise.

Não há receita para ser honesto, mas provavelmente a ética política passa longe de malas monitoradas com R$ 500 mil; passa longe de equipamentos para invadir a privacidade dos outros, arrancando-lhes segredos inconvenientes mais do que traições e desonestidades políticas.

Sabemos enfim, que a ética política passa longe de comprar silêncio, de desmoralizar quem critica o governo.

Num estudo sobre o sistema de leis nas sociedades selvagens, o antropólogo polonês Malinowski assevera que, no mundo primitivo, as leis são seguidas e não desafiadas e que a submissão às leis dá-se porque os homens primitivos têm a misteriosa propensão para obedecer às leis, por que estas não são vistas como uma mera máquina de fazer justiça em casos de transgressão e sim, como uma combinação complexa de coerção e crença que leva as pessoas a manterem suas obrigações.

Enfim, se por fatores sobrenaturais ou em nome do sentimento de honra, o fato é que nenhuma sociedade pode funcionar eficientemente, a menos que as leis sejam obedecidas espontaneamente.

No mundo contemporâneo, além de descumprirem as leis, todos os impasses jurídicos são protelados. Tanto na Lava Jato, no caso da escuta clandestina da conversa com o presidente, das escutas igualmente clandestinas em terras mato-grossenses.

Da parte do cidadão, há pressa de se estabelecer a verdade e de ver os culpados dos ilícitos denunciados, mas da parte política e da Justiça pode não haver disposição para concluir os processos. Estes têm a lei e suas manipulações singulares e sensacionais!

O momento é complicado. Tipo um poder vigiando a mediocridade do outro, inventando fatos, quando tudo o que queremos é encerrar logo os impasses insuportáveis da apuração dos grampos aqui e da sobrevida do presidente Temer.

Estamos enfim, entre a cruz e a espada, desviando de tentativas de manipulação de todos os lados, desconfiados, inseguros e cheios de ouvir casos de corrupção, delação, negociação, condenação e absolvição.

Pode ser que tenhamos um novo presidente, comprado, agora não sabemos com dinheiro de quem, descartando Odebrecht, BNDES, OAS, JBS, o que temos? Ou quem sabe a honestidade e a ética serão implantadas em Brasília como o valor referencial de um novo governo?

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