Difícil prever o que pode vir pela frente. Ano de eleições é complexo e interessante. O risco de perder o que se tem atormenta muito mais os políticos do que a excitação de ganhar de novo ou algo novo.
Como imaginar a vida sem pessoas batendo-lhe às portas, sem reuniões para participar, discursos, viagens, pedidos de empregos, de interferência, de usar a influência? Vês? Não é o poder que corrompe, mas o medo. O medo de perder o poder corrompe aquele que o exerce.
Fenômenos políticos são fascinantes e muitas vezes reveladores. Este ano porém, acho que todos os políticos estão aterrorizados pelo medo de perder as eleições. O medo de perder a eleição paralisa. Imagina desmantelar-se toda uma rede de relacionamentos, confiança, troca de favores, promessas e exposições! Sentir o olhar pesado do eleitor perguntando porque perdeu e devolver o olhar desafiador questionando se realmente votou.
Por mais que se desconfie, que se vigie o voto, não é possível tê-lo como certo. Voto é expectativa do cumprimento de uma promessa, uma confissão de dívida sem nota promissória assinada.
Não se enganem pensando que os escândalos envolvendo políticos não tenham deixado fantasmas assombrando uns e outros e, no quesito escândalo, nenhum partido, nenhuma instituição foi mais favorecida do que a outra e poucos homens transitam em público, livres de terem dedos apontados para si, como ocorreu com o Ministro Gilmar Mendes, meses atrás ao passear pelas ruas de Lisboa, Portugal, onde ele pretende morar.
Há quem viva com esse medo da humilhação pública. Isso ocorre porque os insultos tem sido revidados, embora às vezes divididos em campos partidários, onde as pessoas acham que devem humilhar cidadãos do lado contrário e nunca de seu próprio lado. Todavia é bom acompanhar o movimento dos corpos lânguidos em conluio no ano de eleição e por mais que pareça que os lados estão estabelecidos e os adversário dominados, atente-se para possíveis quebras de paradigmas e sintomas de avivamentos de traições.
Pode ser que o ano inicie sem debates vigorosos, sem articulações com musculatura suficiente para promover mudanças importantes; devemos continuar ignorando os partidos e votando nos indivíduos.
Nessa lógica, os políticos candidatos à reeleição já exercem força sobre os partidos, tem votos personalizados, são independentes e donos absolutos de suas campanhas. Mas por trás do entusiasmo, brota a natureza inevitável da desconfiança diante de desafios radicais e tempestades típicas das estações eleitorais.
Por ora, os confrontos políticos estão concentrados nos bastidores e somente quando os atores avançarem para o palco principal a especulação acabará. O que se segue é apenas o esforço para manter alimentada a fúria das mídias sociais.