Haverá menos renovação do que propagam por aí. O poder econômico está nas mãos dos políticos que estão hoje no poder; a lei eleitoral restringiu o financiamento de campanhas por empresas e, matematicamente, o fundo partidário é mais generoso com os partidos tradicionais.
E os partidos tradicionais elegerão como prioridade os políticos tradicionais. E nessa toada, lá se vai por água abaixo a oportunidade de usar as urnas para mudar o país.
O momento é de cooptação de candidatos pelos partidos. Cerca de 30 partidos afoitos partem para cima dos candidatos que potencialmente podem puxar votos, agregar conteúdo político ou bancar, economicamente falando, os custos da campanha.
Uma pesquisa inédita feita pela Universidade de Oxford, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), ouvindo os próprios parlamentares, demonstra que temos muitos partidos desnecessários no Brasil e que dois partidos seriam suficientes para representar ao pensamento político da sociedade brasileira no Congresso Nacional e, consequentemente, nos estados.
Entretanto, continua aberta a temporada de registro de partidos políticos novos, para defender interesses pessoais e de segmentos. Representação ideológica, bem comum, que nada! Faz tempo que as eleições são movidas por outros conceitos, nem todos ruins, mas fora desse eixo.
Obviamente que a dimensão territorial de um país não incide sobre o número de partidos que devem existir. O que ocorre aqui é que os 25 partidos, que tem representação da Câmara, existem por razões estratégicas e de interesse dos governadores, deputados e senadores, tem donos e são administrados por famílias, não seguem uma linha lógica de pensamento. Tanto é que os pesquisadores afirmam que todas as legendas compartilham posições muito semelhantes em vários tópicos.
Não seria economia ou simplismo afirmar que os políticos brasileiros dividem-se em apenas dois grupos: o centrão, que abriga a maioria dos parlamentares; e o centro-esquerda, que hoje abriga cerca de 40% dos deputados.
A análise sublinha o que sabemos: não importa a linha ideológica, todos depois de eleitos se abrem em concessões e alianças para atender os interesses regionais, locais e sobretudo pessoais.
E de que lado está o povo brasileiro? Embora haja alguns sinais de que uma onda está se construindo para articular um movimento de renovação na política, o que o cenário mostra é que o quadro atual sofrerá alteração tímida na próxima legislatura.
O povo está reparando as composições improváveis, analisando as críticas de quem usufruiu do poder até recentemente, mas a maioria ainda não rompeu com o ciclo de crença nas promessas de benefícios.
Apesar da luta para desintoxicar a internet, prepare-se: seu cérebro será inundado por imagens e textos de seres fantásticos, sua rede social será bombardeada por mensagens de pessoas “comprometidas”com seu bem-estar. Não os ignore. Reaprenda a ler.