A quem tamanha desordem pode interessar? O economista Luiz Gonzaga Beluzzo disse, numa entrevista recente, que há no Brasil um clima social típico de uma sociedade dilacerada.
Uma democracia habitável não se justifica apenas porque o país tem eleições livres. Não, isso não significa um completo modo de vida democrática e a democracia é enfraquecida sobretudo quando caímos na recorrência obtusa de levar no cinismo ou brincadeira os indivíduos que se expressam de maneira que pode ser ofensiva ou desprezível.
Há discursos que não se percebe a intencionalidade, a comunicação não funciona e termina em bate-boca como ocorreu semana passada no Supremo Tribunal Federal, entre os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso.
No ápice do descontrole de ambos, Barroso apropria-se de uma frase que ficou famosa durante uma discussão entre dois analistas políticos da rede americana CNN, logo após a vitória de Donald Trump. Hillary Clinton não sentiu-se confortável a aparecer na TV e dar entrevista logo após a derrota e os analistas Van Jones e Corey Lewandowski falavam e se posicionavam a favor e contra, respectivamente, essa decisão de Hillary.
Corey criticava Hillary contundentemente e tentava induzir a mídia e telespectadores a destruírem-na. Van Jones, mais estratégico tentava atenuar o fato, entendendo e respeitando que a candidata derrotada falaria na manhã seguinte e isso não faria diferença alguma.
Corey não se dava por satisfeito, interrompia os comentários de Van Jones, quando este, por fim disse-lhe: ”você é uma pessoa horrível, me deixa terminar de falar”. O ministro Barroso incrementou a frase e disse? “ Você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia”.
O âncora da CNN tentou conter os comentaristas várias vezes, mas faltou-lhe a mesma autoridade que faltou a presidente do Supremo, ministra Carmen Lúcia, que desde que assumiu nunca foi capaz de controlar os famosos rasgos de impropérios que tem sido pronunciados na mais alta corte da república e com isso frequentemente os ministros não se atem à pauta e de quebra esnobam-se uns aos outros.
O julgamento poderia continuar sem ele, mas à aquela altura, ela, a presidente Carmen Lúcia não presidia mais nada.
Dos dois fatos fica a lição: pessoas horríveis são birrentas, centralizam as conversas e atenções em si, orgulham-se demasiadamente de suas próprias realizações e podem ser democratas ou republicanas, contra ou a favor da concessão do habeas corpus e claro, interrompem as outras enquanto estas falam.
E para quem delirou com o dissenso entre os ministros, saiba que há pelo menos 3 lojas online vendendo camisetas com a célebre frase: “Você é uma pessoa horrível”.