Além de ter sido uma campanha e eleição polarizadas, contando com candidaturas antagônicas colocadas de forma a exibir as diferenças naturais de habilidades particulares, esta foi também uma campanha movida pela controvérsia, políticas divergentes e notícias plantadas para desestabilizar as candidaturas que corriam de forma mais independentes, sem a proteção de grande sigla ou de segmento específico.
O Estado de Mato Grosso, de certa forma flertou com a renovação. Não reelegeu o governador, dos 2 senadores eleitos, Selma Arruda é estreante na política. Dos oito deputados federais, apenas Carlos Bezerra foi reeleito e dos 24 deputados estaduais, 12 não foram reconduzidos à Assembleia legislativa. Pode não ser um número marcante mas a eleição de mulheres também foi ampliada, apesar da presença única da deputada Janaína no parlamento estadual.
A forma de fazer campanha com recurso limitado e controlado fez com que os candidatos reeditassem a velha prática de viajar de carro, gastar sola de sapato, pedir votos nos sinais, panfletar vias movimentadas. Não se viu muitas pessoas carregando bandeiras debaixo do sol quente, jingle ser tocado pelas ruas. Campanhas antes vistosas passaram quase desapercebidas pelo eleitor, que acabou informando-se nas mídias sócias. Os candidatos então, mostraram intimidade com as redes também e optaram por gastos com impulsionamento de mensagens de vídeos caseiros mais do que com material de grande produção.
Destacados profissionais fizeram de seus afazeres a bandeira da campanha, trouxeram para a vida política teorias novas, comportamento desvinculado do político convencional além da crença que é possível arejar as ações políticas, torná-las mais transparentes, honestas em benefício de um número maior de pessoas. Inacreditável, mas o agronegócio que sempre foi destaque de Mato Grosso em Brasília diminui a representação em termos reais, tanto no Senado quanto na Câmara Federal.
Não interpretaria o momento como um momento em que o povo clama por mudança. Ocorre que a corrupção desenfreada combinada com a crise econômica tem efeitos explosivos em um ano eleitoral. E em nossa jovem democracia muitos brasileiros, quase alheios e desarticulados, foram às urnas como sempre fizeram nas eleições anteriores; para cumprir uma obrigação.
Na Escola Estadual na área central de Cuiabá onde votei, não percebi muitos sinais honestos de patriotismo. Os cidadãos reclamaram muito do calor insuportável e do tempo que passaram na fila (cerca de 40 minutos). Bem, estava realmente quente como todos os outros dias que antecederam as eleições. Seria esse tempo, o limite da nossa tolerância ou do que podemos doar ao país?