Quando as pessoas pensam alto

É creditada a Winston Churchill a seguinte frase, sobre política: “o melhor argumento contra a democracia é uma conversa de cinco minutos com o eleitor médio”. Aplica-se a frase aos demais ambientes da vida e pode-se até expandir a escala de inteligência que tem-se a constatação de que as pessoas deliberadamente decidiram falar, opinar sobre tudo, em todas as mídias que conseguem acessar, “falar pelos cotovelos”.

A maioria, baseia suas opiniões em quem são e não no que pensam, considerando o contexto cultural, a participação em grupos diversos na sociedade. Ou seja, o pensamento e comportamento representam apenas a sua tribo e seus interesses.  E assim as questões pessoais ganham relevo incômodo nesse emaranhado de vozes impregnadas de ignorância racional.

Conversei demoradamente com um amigo, que habituado a muito falar e ser aplaudido sem muita contestação, está estranhando esse momento em que as pessoas, expressam discordância, estruturam teses incertas, desnorteadas, manifestam ódio ou apoio, mas não mais hipotecam a ele o silêncio cúmplice à suas teses cultas e bem elaboradas.

Compreendo que nossa mente não pode ser fechada em nós mesmos, em nossas experiências. Devemos ampliar nossa visão com os valores trazidos por pessoas nos diferentes encontros promovidos pela vida como oportunidade para vencer a vaidade que aprisiona no estreito ambiente confortável e familiar.

Precisamos ouvir as histórias uns dos outros. Nós realmente precisamos reconhecer a experiência do outro como eles nos apresentam, em caprichosas elucubrações, ainda que com conhecimento em nível médio.

Penso que a realidade não é condicionada a vitórias e derrotas, equilíbrio e desequilíbrio, manifestação positiva e negativa. Nem sempre precisamos de resultados específicos. Nós precisamos um do outro!.

Não havemos de nos espantar com os exageros, com as misturas tóxicas adicionadas às discussões, com a confluência de circunstâncias; não havemos de nos intrigar porque os indivíduos descobriram que efetivamente podem usar a internet para fazer voar suas opiniões ou crenças. Isso não tem volta.

Lembro meu amigo que as pessoas que comandam os shows são surpreendentemente medianas e conviver com as diferenças, inclui aturar os desníveis intelectuais, por outro lado, muitas pessoas contrapõem nossas ideias não para desafiar nossas opiniões ou banalizar o esforço da pesquisa, mas para nos despir do desesperado desejo de impressionar os outros.

Junto ao calhamaço de informação sobre a vida alheia, sobre a política, ouve-se  o eco desconcertante dos que não aprenderam que dialogar é uma via de mão dupla e que emitir juízo sobre algum tema não implica catapultar-se dentro da história e liderar a trama.

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