Sexo como mecanismo de poder

O importante é que as denúncias tenham sido feitas e que o abusador, João Teixeira, de Abadiânia, esteja preso, para responder à justiça da terra, onde os abusos foram cometidos.

Abusos sexuais ocorrem em qualquer classe social e quase sempre é seguido de ato de corrupção para que o crime não seja revelado.  Normalmente, o abuso envolve uma relação de confiança, um pacto de silêncio, por isso, muito casos só são revelados anos depois.

Autores de abusos, geralmente, são conhecidos das vítimas, pessoas próximas, com quem elas sentiam-se seguras. Seres imorais, eles se aproveitam da proximidade para cometer os seus crimes.

No caso do medium João Teixeira, de Abadiânia, que vem sendo brandamente investigado por contrabando de minério, desde 2009, um e outro caso de abuso sexual; inclusive corre em segredo de justiça, o processo que a própria filha move contra ele, acusando-o por abusos cometidos na infância, 330 mulheres já reportaram terem sido abusadas por ele, que deve ter comprado o silêncio de muitos de seus séquitos de funcionarios e voluntarios, que o atendem pessoalmente e prestam serviços à Casa de Dom Inácio, local onde o medium faz atendimento espiritual. Conversando com pessoas que já estiveram em Abadiânia e lendo o site da entidade é possível perceber que a casa tem uma rotina extremamente organizada,  um fluxo incrível de visitantes, inclusive estrangeiros, tem-se a impressão que o medium e o abusador não são as mesmas pessoas.

Para a posteridade, a vida do sr. João Teixeira foi escrita em livro e virou filme. Todavia, pelas manifestações observadas sobre o caso,  esse episódio é o maior escândalo de abuso sexual do país.

Não nessa escala, mas o médico Roger Abdelmassih, que era é tido como um dos maiores especialistas em fertilização in vitro, foi acusado e condenado pelo estupro de 39 mulheres. Foi preso, condenado a 278 anos de prisão e a história acabou virando uma minissérie, chamada “Assédio”. Assim como no caso do medium, algumas mulheres relataram os abusos em anos anteriores, porém, as acusações não foram acreditadas e os ataques igualmente ocorriam em momentos em que as pacientes estavam em tratamento, vulneráveis e agarradas nos casos, ao medium e ao médico, com sentimento de confiança extrema e de fé.

Ao sairmos dos casos locais, vemos a Igreja Católica às turras com as práticas predadoras de padres mundo afora, porém agora, mais do que nunca, tem sido denunciados e afastados dos serviços sacerdotais pelo Papa Francisco, num esforço recobrar a confiança dos fiéis  na igreja.

Atrizes de Hollywood, levantaram-se e uniram-se num movimento chamado “Me too” para denunciar os casos de abuso sexual cometidos pelo produtor Harvey Weinstein. O poderoso produtor foi acusado por mais de 70 mulheres e os ataques eram cometidos numa demonstração clara de poder e controle sobre o mundo da fama.

Também quebrando uma relação de confiança, o médico da Seleção Americana de Ginástica Olímpica foi acusado por 100 mulheres, entre elas, estrelas campeãs olímpicas, que foram abusadas em nome da manutenção na equipe, de tratamentos nada convencionais porém, aplicados para o bom rendimento das ginastas. Larry Nassar traiu a confiança das atletas, foi denunciado, preso e condenado a prisão perpétua (360 anos de cadeia).

É sabido que muitas vítimas não denunciam as agressões sofridas por medo de represálias, receio de serem desacreditadas e moralmente desqualificadas para inocentar o criminoso. Entretanto, mesmo tardiamente, compartilhar a história pode ser um caminho para a cura e pode encorajar outras mulheres a denunciar também.

É essencial lembrar que esses tipos de histórias não ocorrem em algum lugar distante.  Elas ocorrem em todas as partes, nestes tempos de transgressão contínua e falta de respeito.

Portanto, não idolatre alguém incondicionalmente, não perca o discernimento em nome de    de oportunidades, de cura e nem em nome de Deus.

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