Devemos respeitar as inclinações e direitos dos indivíduos, ainda daqueles que seguem caminhos familiares, religiosos e políticos diferentes. Devemos tentar a promoção da harmonia entre os seres, entre os círculos de convivência ou entre estranhos.
Apesar das visões divergentes e até aversão uns pelos outros, reflito sobre como combater o discurso de raiva que permeia todos os diálogos de jovens, velhos, doutos e autodidatas, “direita e de esquerda” e, enquanto estou nessa atmosfera dominada pela raiva na fala e na mente, qual é a melhor prática que posso desenvolver para que possamos compartilhar pelo menos um ponto em comum: acreditar na vigorosa defesa da liberdade?
Reconhecendo a impermanência dos momentos, reconheço também que a intolerância não foi gerada por nenhuma força extraterrestre, nem tampouco por um destino imutável. A intolerância surge das nossas relações cotidianas, dos nossos hábitos, é criação da mente humana. E o “ser” do homem é uma fonte inesgotável de possibilidades.
Se a intolerância e outras práticas igualmente nefastas interferem nos nossos projetos existenciais, isso exige uma ressignificação de nossas vidas. O caminho precisa ser percorrido, inexorável! Ressignificar a vida é produzir sentidos para a experiência, pensar nas coisas de outro modo, adotar novos pontos de vista, levar em consideração fatores menos tensos, levar o outro para passear.
A ressignificação da vida implica um processo de reordenamento dos pensamentos e das atitudes desestabilizadas pela inquietação. Dar novo rumo às crenças e aos problemas orgânicos e existenciais. Para dar um novo significado à vida, precisamos nos fazer perguntas e não aceitarmos as respostas engasgadas transmitida pela cultura, pela sociedade, pela família, pela religião ou pelo estado.
A busca de sentido, do viver tranquilo, da interpretação de novas experiências é uma construção progressiva de significados, de situações das diversas esferas da vida, de histórias acumuladas, de receitas e fórmulas, de passeios agradáveis. A introdução de uma nova concepção no modo de viver, como resposta, exige que a pessoa se situe em um novo contexto existencial.
Sentir-se inundada pela tolerância e acolhimento ao que é diferente não deve causar nenhum constrangimento, não obriga a curvar-se ou render-se aos conceitos dos outros. Não é necessário sair de si para enxergar respeito no outro, para aprender com o outro, para passear com o outro.
Desconhecido é somente aquilo que ainda não sabemos.