Tenho consciência de mim. Não de como apareço para mim mesma ou para os outros, mas do que realmente sou. Não deve haver nenhuma linha separando o que você é e o que você quer aparentar. As paixões e emoções da alma não devem ficar guardadas na monótona mesmice do mundo das aparências. É saudável deixar transparecer o que vai no mundo interior, onde defeitos e virtudes buscam sobressair.
A maioria das pessoas depende exclusivamente do mundo externo para o seu bem-estar emocional, ou melhor, sua felicidade (ou falta dela); depende inteiramente do mundo físico e de suas constantes mudanças, que inclui todas as suas manifestações culturais e sociais nas quais nos tornamos coletivamente tão investidos.
Em outras palavras, o senso de felicidade de muitas pessoas depende do impossível – manter a permanência daquilo que é inerentemente impermanente.
Acreditam que o que mais importa é o que está fora de nós e, por causa disso, o senso de quem são – o senso interno de si – permanece separado do resto da realidade. É o que podemos chamar de aparência não autêntica.
Não há beleza no que é falso. Não há beleza no caminho tortuoso que leva a criação da realidade paralela. Embora, as mídias sociais tenham sido utilizadas para forjar perfis falsos, para expor fatos existentes apenas no mundo imaginário e criativo de quem inventa para si, uma história que nunca viveu, seria mais fácil utilizá-las para dar visibilidade ao mundo interior, para louvar os benefícios de uma vida justa e verdadeira.
Muitas narrativas são inventadas para criar encanto, muitas personalidades são deturpadas para causar emoção. Mas o interior vazio, a superficialidade das atitudes são colocadas à prova sempre que se lê com cuidado certos artigos e posts.
Procure conhecer a verdade, leia nas entrelinhas, analise os olhares perdidos num mundo de vaidades e falsidades e busca deliberada por elogios e afagos. No silêncio que povoa o mundo interior é que reside a verdade, alí perceptível, à mostra às possibilidades de se recriar a realidade, baseada na mais pura idoneidade.
Seja o que você é. Permita que sua essência se destaque, que vagarosamente suas verdades cubram as superficialidades e que suas palavras e atitudes sejam o retrato perfeito do que lhe vai na alma.
Não afasta-te do teu íntimo para agradar os outros. Faça escolhas inspiradas para agradar a si mesmo. O fracasso e o sucesso dependem da sustentação da sua imagem apresentada quando se está sozinho. A aparência falsa, que de certa forma, exige telespectadores, uma hora dissolve-se, inevitavelmente!
Esta ignorância da falta de verdade mantém você preso a um ciclo de sofrimento, que gira continuamente em torno do prazer porém, o certo é despertar do sonho para permanecer na verdadeira beleza e felicidade de tudo que é real.
Hannah Arendt diz que em todos os termos, onde quer que haja uma pluralidade de seres vivos, há diferença, e essa diferença não é percebida do lado de fora, mas é inerente a cada ente