A ambiguidade das nossas emoções

Para se conquistar uma vida mais equilibrada é importante aumentar a consciência a respeito do corpo, da mente, das emoções e relações. Estar mais presente à vida, encontrar um meio de velejar com segurança entre os rochedos perigosos que circundam nossos caminhos, sem nos tornarmos frios, indisponíveis e intocados pela dor dos outros.

Lidar com nossas emoções é sempre um grande desafio. Entretanto, identificar e melhorar nossas qualidades emocionais pode ser uma possibilidade real de aprender que as coisas não são tão ruins ou tão boas quanto parecem. E perceberíamos isto se não vivêssemos com o coração à flor da pele.

Cultivar a empatia e respirar emoções mais saudáveis, são ferramentas eficazes para melhorar nossos relacionamentos. O conhecimento sobre as emoções que correm soltas, pode ajudar a lidar com as emoções aflitivas e a cultivar um equilíbrio emocional que afete a vida, de forma positiva.

Não estamos acostumados a estar no momento presente, nossa mente habitualmente sente-se atraída em direção ao passado e ao futuro. Porém, preocupar-se em demasia com o futuro, pode nos tornar ansiosos crônicos; se refletimos seguidamente sobre o passado podemos nos tornar nostálgicos crônicos, então, consideremos conduzir à atenção plena para o momento presente, como um possível remédio para ambos deslocamentos.

Devemos nos ver mais claramente. Conhecer e apreciar nosso próprio processo de pensar. Nos tornarmos especialistas em apreciar. Sem medo de ficarmos a sós com os pensamentos e medos. Todos nós temos a capacidade de sentir ternura, assim como somos capazes de experimentar um coração partido, a dor e a incerteza. Então, não entre nessa de projetar a possibilidade de viver a distrair a mente. A distração pode resultar numa receita favorável a ansiedade, infelicidade e estresse.

A noção de espiritualidade tem sido ampliada para abarcar um leque de interpretações que almejam torná-la um indicador de bem-estar. A filosofia budista se baseia na afirmação de que nós sofremos  e causamos sofrimento aos outros  porque insistimos em não ver o mundo como ele é.

Honestamente, acabamos nos habituando a sermos zeladores. Zeladores do corpo, da mente, da casa. Zeladores, tudo bem. Não podemos ser escravos.

Coisas fora do lugar

Do despertar a hora de deitar me ocorre uma inconveniente sensação de que há muitas coisas fora do lugar nos caminhos da vida. As pessoas estão menos flexíveis com “bolas foras”, descuidos tão naturais no dia-a-dia e isso nos faz nos sentirmos, às vezes, inadequados.

Vigia-se para interpelar, para cobrar retratação.

É um prazer estranho expor o suposto erro do outro. Em casos severos, indivíduos podem passar a evitar a interação social com medo de serem ridicularizados, rejeitados ou humilhados, após exposição.

Estamos vindo um claro momento de retração das emoções autênticas. E para onde vai a espontaneidade, a discordância saudável de tudo o que não é uma caixa fechada? Falar para contestar ou para acrescentar, eis a questão.

O ator americano Keanu Reeves, discretíssimo com a vida pessoal, resolver aparecer em público com a namorada. Uma artista plástica americana. A foto foi milimetricamente esmiuçada em todas as mídias. Criticaram a aparência da mulher, a roupa, os modos e decidiram (fãs) que a mulher parecia inapropriada para o ator, inclusive concluíram que ela aparenta mais velha do que ele. A mulher é uma artista plástica e em momento algum, ocorreu a alguém falar sobre a qualidade da vida profissional dela. Vês, a superficialidade em que nos metemos?

Este caso é apenas um exemplo, que nos faz concluir que Keanu Reeves estava certo quando não compartilhava a vida íntima. Ou então, não creio que seja perfil dele, deveria repercutir uma resposta na mesma mídia e no mesmo tom.

Semanas atrás, a atriz brasileira Cléo Pires fez um desabafo sobre as críticas que vem recebendo porque engordou muito. Ela falou do medo dos julgamentos, da vergonha que acabou adquirindo de ir as ruas, mas disse também que tem respondido à altura os que questionam o fato de ela estar “fora dos padrões”. Ela está em tratamento contra a compulsão de comer.

Padrão tem significado diferente para pessoas diferentes.

As faíscas de indignação estão propensas a prosperar ao menor ruído. Estamos nos sentindo críticos poderosos demais depois que nos aliamos as mídias sociais.

Entretanto, não deve nos dar prazer fazer as pessoas se encolherem, fazer com que se sintam inseguras. É muito importante que estejamos atentos, que sejamos honestos ao interpretarmos as mensagens alheias, sem julgamentos apressados.

Nunca é tarde e em qualquer tempo, tratemos de iniciar a reconstrução de nossas existências, porém, não espere perfeição de ninguém. Há muitas pessoas que vestem lindas embalagens mas são absolutamente sem conteúdo e dissimuladas por dentro.

Na dúvida, seja educado e acolhedor e não aja como se fosse a única luz que brilha no mundo.

Representação feminina nos cargos eletivos

A eleição para vereador é extremamente disputada. Candidatos esbarram no mesmo eleitor, o pleito é personalizado e a reputação pessoal, sobretudo de quem já detém mandato é exaltada ou esculachada  às últimas consequências.

As denúncias, mesmo de casos já noticiados voltam com força numa demonstração clara de que vale tudo nesta disputa, que coloca o político mais próximo do eleitor. O vereador povoa as proximidades, vive os mesmos dramas de coleta de lixo, saúde pública, transporte e escolas.

O fim das coligações acaba com as parcerias de muitos para eleger um e com essa modificação, os candidatos com maior visibilidade e poderio econômico encabeçarão a lista dos mais votados.

No universo de 57.814 vereadores eleitos em todo o país nas eleições municipais de 2016, apenas 7.803 são mulheres.

Cuiabá não tem nenhuma representante na Câmara Municipal. As mulheres não se investiram do poder real que possuem para ir à luta por uma cadeira, pelo menos. Nesta campanha, os homens gozam da vantagem de já deterem mandatos, de exercerem a liderança dos espaços e posições de poder, fator que reflete na participação masculina na política e nos processos de tomada de decisões.

Em que pese o ambiente político ser altamente difícil para as mulheres, pois são, diariamente desqualificadas e lidam com uma constante descrença da capacidade feminina de estar neste ambiente, tanto por parte dos eleitores quanto dos próprios políticos, o que desmotiva e repele muitas mulheres da participação no processo político.

Mais do que antes, já que foi ampliado o número de candidatos que cada partido pode lançar, as mulheres serão convidadas a serem laranjas. Diga não, se não tem chance alguma. As políticas de cotas são insuficientes para garantir uma participação feminina plena e segura. Repila com veemência os que te pressionam para preencher a cota. Mas se, lá no fundo, tem um trabalho prestado, uma chance de brigar de igual para igual, não fique fora. Cuiabá merece ter mulheres na Câmara Municipal.

Você que tem condições deve se candidatar. Cuiabá precisa que você se candidate. As pesquisas mostram que as taxas de desigualdade social tendem a diminuir nas esferas de poder com maior participação de mulheres, como também, a presença de mais mulheres em posições de poder influenciam que mais mulheres se sintam inspiradas a concorrer!

A escolha de um partido não é um processo simples, mas muitas mulheres já são lideranças filiadas e se não, ainda há tempo.

Quem mais do que as mulheres sabem quais são os principais problemas do bairro e como esses problemas afetam a vida das pessoas.

Como é o acesso da população aos serviços públicos?

Se você já faz parte de organizações sociais, movimentos religiosos ou outros grupos é importante levar sua mensagem para além dessas delimitações.

Para conseguir sucesso na política é preciso ter resistência e determinação.

Xingamentos e constrangimentos

Por que os partidos políticos não são definitivamente atrativos? Porque não trabalham a questão da representação?

Não há incentivo para os jovens, para as mulheres, para os negros. Não são amplamente discutidas as necessidades e quais seriam os ganhos dos partidos se fossem compostos levando-se em conta uma representação mais balanceada.

Ainda que consideremos o elevado índice de renovação que houve sobretudo no Congresso Nacional e no legislativo do nosso estado, as práticas partidárias são requentadas. Brigam por falta de ideologias, por proposições equivocadas, pela disputa de posições de prestígios. Temos assistido a dias de terror na mídia.

Parlamentares escrachados, o melhor termo que pude encontrar para não ser vulgar, escrachando os outros, colocando apelidos sem o menor receio de estarem sendo inconvenientes. Motivo? Birra, mimo e aquela velha mania de entender o partido político como a extensão do quintal da casa, onde os dirigentes partidários, apesar dos riscos inerentes a generalização, agem como empresários políticos, donos de um negócio rentável: o partido.

Dias melhores, outros de recaídas. Assim tem sido. A política partidária brasileira, com raras exceções, tem sustentado discussões elevadas, tem proporcionado filiações de políticos de nível para o engrandecimento das disputas eleitorais. O que deveria ser regra, a preparação do político para a vida pública, acontece minimamente com 03 ou 04 partidos. Eu, sendo generosa!

Ao deterem o monopólio sobre a aceitação de quem serão os políticos, os partidos iniciam seus vexaminosos movimentos em torno do poder. Seria interessante o desenvolvimento sério do sistema partidário, até porque os partidos são veículos de acesso aos cargos públicos e deveriam ser o mais importante elo de identificação dos políticos com seus seguidores.

Do ponto de vista do eleitor comum, faz até sentido prestar pouca atenção às questões políticas e, em vez disso dedicar maior parte do tempo a administração da vida pessoal, porque na maioria das vezes, as decisões são tomadas a portas fechadas, e os filiados são chamados depois, apenas para validar as decisões tomadas. Lembremos que a ignorância política é um problema que pode trazer sérias consequências.

A apatia e baixa participação dos eleitores na política são exatamente reflexo da fragmentação dos partidos políticos brasileiros. Os partidos não emplacaram suas marcas no gosto do cidadão. Partidos sérios não vivem de parlamentares celebridades nem de ecos das mídias sociais.

É, os partidos políticos precisam verdadeiramente, de análise sociológica.