Não sejamos guiados como ovelhas

2022 – ano de eleição e não há hora melhor para exercitarmos nossa liberdade debatendo temas políticos e outros temas que interferem nas boas práticas políticas. Estamos diante de um círculo eleitoral, que é um dos mais divididos que vimos na história recente do país, com um presidente altamente polarizado concorrendo à reeleição, uma pandemia viral que vem há mais de dois anos causando estragos em todo o país. Em tempo tão polarizado é tentador recuar, silenciar.  Mas ensina-nos o ex-presidente americano George Washington que: “Se a liberdade de expressão nos é retirada, então mudos e silenciosos, podemos ser guiados, como ovelhas para o matadouro.”

É preciso ter personalidade para dizer o que se pensa. E personalidade não é um dom, não tem nenhum caráter romântico ou naturalista. É sim, a soma do sentido da vida, dos valores desenvolvidos durante a trajetória, construídos com profunda e sincera humanidade. Pensar igual ou diferente, alinhar-se do mesmo lado ou em campo oposto, em qualquer área da vida diz muito sobre respeito à compreensão do homem que quer ganhar clareza sobre si, sobre seu tempo e seus contemporâneos.

O objetivo das discussões não é mudar a mente das pessoas e sim, fazer com que as pessoas aceitem os pontos de vista umas das outras de maneira civilizada. Se quero ser vista e ouvida, também tenho que ver e ouvir os outros. É assim que o verdadeiro diálogo começa. Se eu falar civilizadamente, provavelmente serei ouvida e receberei respostas civilizadas. Ouvir o que pensa o outro diz muito sobre ir modelando a vida, como se fosse uma obra de arte e não apenas defender nossas próprias crenças, sobre isso ensina-nos o ex-primeiro ministro Winston Churchill: “o conceito de liberdade de expressão de algumas pessoas é que elas são livres para dizer o que quiserem, mas se alguém disser algo em resposta, isso é uma ofensa.”

Há uma pesquisa produzida pelo Instituto Avon, em parceria com o Coletivo Papo de Homem, intitulada “Derrubando muros e construindo pontes: como conversar com quem pensa muito diferente de nós”, Em temas considerados delicados, como: gênero, a grande maioria afirma que o principal obstáculo é o tom agressivo e as frases prontas que permeiam essas conversas, as pessoas, em grau menor sentem-se com a sensação de contribuição para o debate, embora também reconheçam que o nem sempre é possível estabelecer um ambiente acolhedor para essas conversas.

Para qualquer lado que viremos a chave da discussão, esbarramos na polarização, nas fakes news e muitos seguem acreditando naquilo que lhes agradam e desacreditam por completo verdades ditas por pessoas com as quais não compartilham a ideologia política. Outras pessoas, quando percebem que a conversa está encaminhando-se para um ambiente de vigorosa discórdia, passam a concordar com a argumentação emocional do outro, para evitar a discussão.

O diálogo com quem pensa diferente deve ser fundamentalmente baseado no respeito, isso deveria bastar para que duas pessoas que jamais sentariam numa mesma mesa, tivessem um diálogo interessante. Mas, lamentavelmente, uma das conclusões da pesquisa é que 8 em cada 10 pessoas sequer tentam conversar com quem pensa diferente.

É certo que não estamos o tempo todo construindo pontes ou fechados entre muros, grande parte do tempo, estamos em trânsito, ouvindo, falando com as pessoas, inclusive com as que estão fechados entre muros, ampliando e moldando as bases das nossas crenças. É preciso ler muito, fortalecer os argumentos com fatos e filosofia, é preciso reconhecer e manter como elemento saudável, a contradição e as dúvidas. Estamos em constante fluxo, aprendemos e evoluímos todos os dias.

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