A acanhada participação das mulheres na política

A ONU Mulheres trabalha com a premissa fundamental de que as mulheres têm o direito a uma vida livre de discriminação, violência e pobreza e de que a igualdade de gênero é um requisito central para se alcançar o desenvolvimento, mas não há ainda uma fórmula desenhada para salvar da pobreza extrema o contingente escandaloso de 66 milhões de meninas sem acesso algum a educação.

Tenho dedicado especial atenção aos artigos que tratam do empoderamento das mulheres, ou seja, as conquistas das mulheres ao redor do mundo, a mudança de comportamento que tem lhes favorecido o reconhecimento e o acesso ao mercado de trabalho. Isso tem sido avaliado considerando a forma justa que mulheres e homens são tratados no ambiente social e de trabalho, respeitando os princípios da não-discriminação, garantindo-lhes saúde, segurança e bem-estar, promovendo a educação, capacitação. A geração de mulheres silenciosas ficou para trás e após um processo de transição, eu acredito que o mundo tenha progredido significativamente na política de igualdade das mulheres excetuando os tradicionais casos de preconceitos, em comunidades tradicionais.

Estudos apontam que, através das mulheres, as forças de conciliação e paz têm maior chance de sucesso, o ciclo da pobreza pode ser quebrado mais facilmente, a disseminação das doenças sexualmente transmissíveis pode ser evitada, aumenta-se a consciência ambiental e a mulher tende a transmitir hábitos mais construtivos aos jovens.

Nossa experiência mostra que, quando as mulheres têm o poder de fazer suas próprias escolhas, coisas boas acontecem. Estamos conscientes de que o progresso nos direitos das mulheres ocorre passo a passo e que cada vitória se torna uma plataforma sobre a qual o próximo passo pode ser dado. Tenho visto mulheres arriscando suas vidas para a construção de sociedades democráticas e para melhorar o respeito pelos direitos humanos fundamentais.

Pena que a composição partidária brasileira reflete ainda os resquícios da sociedade patriarcal. Se considerarmos a dimensão da representação política concluiremos facilmente que há forte desequilíbrio entre homens e mulheres. As mulheres representem 51,7% dos eleitores brasileiros, mas a participação delas na Câmara dos Deputados é de apenas 9% e 10% registrados no Senado. Das 26 capitais brasileiras, apenas uma mulher foi eleita prefeita.

Para focarmos na representação política, primeiro é preciso que as mulheres ganhem poder em outras esferas, que ocupem cargos com poder de decisão, tanto na direção das empresas públicas ou privadas, para que tenham reais chances de disputar um pleito eleitoral. O Brasil tem menos de 10% de mulheres na política e para que os cargos políticos sejam divididos paritariamente com os homens, as mulheres, levarão quase 150 anos, já que o ritmo de crescimento é de 1% a cada eleição, observou o demógrafo José Eustáquio Diniz, co-autor do livro “mulheres nas eleições 2010”.

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