A conferência da reputação global das marcas

Uma das ideias dominantes na nossa sociedade é a idéia generalizada da escassez, da falta de recursos suficientes, comida ou qualquer outra coisa para suprir a demanda de todos. Milhares de pessoas insistem dizer que, com quase oito bilhões de pessoas no planeta (7.906.439,177), a escassez é uma realidade num futuro próximo. 

As soluções para crises globais estão sob a responsabilidade dos líderes mundiais e das grandes corporações. Foi clara e contundente a chamada à uma consciência climática global feita pelo Secretário-geral da ONU, António Guterres ao saudar os líderes presentes na Conferência do Clima, no Reino Unido: “É hora de dizer chega! Chega de brutalizar a biodiversidade. Chega de nos intoxicar com carbono. Escolha a ambição. Escolha a solidariedade. Escolha proteger nosso futuro e salvar a humanidade”.

Jeff Bezos, o famoso fundador da Amazon, goza de boa reputação e discursou na COP 26 anunciando que criou o “Bezos Earth Fund”, uma organização para financiar e administrar projetos climáticos, para investir recursos em empresas que assumem essa pegada de mudança climática. Bezos, que foi duramente criticado, inclusive pelo Principe William por gastar dinheiro com viagem ao espaço em vez que colaborar com a solução dos problemas na terra disse que o fundo que criou vai investir na restauração de paisagens e na transformação de sistemas alimentares em várias partes do mundo.

A reputação das corporações está sendo usada para estimular o progresso sustentável. Escrevi dias atrás sobre reputação de mandato político e assistindo os discursos e entrevistas dos líderes políticos e empresariais, percebo que a palavra “reputação” permeou as rodas de conversas das altas cúpulas na COP 26. Todas as metas sugeridas que avançarem, o êxito será creditado ao zelo e ao medo que as grandes corporações tem com suas reputações. Um investidor, admitiu em entrevista que as marcas maiores e mais bem estabelecidas tem medo do papel que uma má reputação no quesito ambiental pode desempenhar nos lucros, no conceito e na durabilidade das empresas.

Assistindo videos sobre a conferência, percebi um certo ambiente de lobby propositivo que rolou nos bastidores da conferencia, onde outro investidor arriscou dar o nome de capitalismo consciente a esse momento em que os governos e grandes corporações experimentam quando conciliam investimentos com exigências de endurecimento ao cumprimento das metas de desenvolvimento sustentável. Mais de 30 das maiores corporações do mundo assinaram um documento prometendo não mais investir em atividades que desmatam as florestas e 141 mandatários de países, incluindo o Brasil, assinaram documento com a promessa de reduzir o desmatamento embutido no comércio gobal de alimentos.

Enfim, a reputação de qualquer governo e das grandes corporações está intrinsicamente associada a uma série de valores e a excelencia operacional não é mais suficiente. Na conferência do clima falou-se o tempo todo na responsabilidade por melhorar a reputação da política climática diante da população para que a população jovem escolha cada vez mais trabalhar para empresas que tenham propósito e compromisso com as mudanças climáticas.

Ao final, especialistas desiludidos disseram que o ideal seria que nenhum tipo de acordo tivesse sido assinado na conferência porque os políticos já se mostraram totalmente incapazes de cumprir tratados e que senão o povo, ninguém mais pode construir algo para salvar o mundo. E ouviu-se, nos momentos finais da conferência a voz da jovem ativista da Uganda, Vanessa Nakate, endereçada aos líderes políticos: “Eu estou aqui implorando para vocês nos mostrarem que estamos errados”.

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