A eterna busca do homem em si mesmo

A discussão aqui envolve uma realidade muito presente, a angústia e o desespero. O que se seriam estes dois conceitos aplicados no atual ser humano e na sua concepção de mundo ? O filósofo e teólogo dinamarquês, Soren Aabye Kierkegaard, criador do existencialismo, corrente de pensamento da qual se distingue Jean-Paul Sartre, e para a qual o objeto próprio da reflexão filosófica é o homem na sua real existência.

O ato de buscar-se exige coragem e determinação pois é necessário assumir as consequências de tal atitude. Mergulhar em si mesmo significa assumir as escolhas feitas e principalmente vive-las de modo intenso, de forma que exista libertação de tudo o que aliena o homem. Portanto, o foco da discussão é a busca do homem em si mesmo e a busca pela sua real existência.
O ato de angustiar-se e desesperar-se são características marcantes do homem. O ato de buscar a sua essência em si mesmo, é necessariamente o ato do angustiar-se, pois o homem deve iniciar uma nova construção da sua existência. O desesperar-se seria a falta de esperança, o fim de tudo, onde nada mais pode influenciar o homem, onde ele deve apresentar-se a si mesmo sem mascaras.

Mostrar o real modo de existir seria o ato de mergulho em si mesmo. O homem convive com todos os que estão ao seu redor, com a família, amigos, colegas de trabalho, tem relacionamentos sociais, mas se este mesmo homem não consegue se encontrar verdadeiramente consigo mesmo, consequentemente ele cai no desespero.
Uma das principais características do homem que está em desespero é a de se tornar vítima de circunstâncias, ou de atos externos que acontecem no meio em que ele está vivendo. Embora o homem mantenha a tendência de procurar uma saída, mas esta procura incessante pode agravar a situação de desespero.

No entanto, quando o homem reconhece a sua situação de desespero ele aproxima-se da cura, pois este fato de reconhecer–se desesperado é o passo mais importante para a cura. A simples afirmação de não estar desesperado é uma máscara usada para encobrir a situação que se está vivendo. O desespero é uma doença do espírito. Por esta razão também descobre-se que bem antes de estarmos desesperados já estávamos em desespero. O que aconteceu foi um simples afloramento do que estava latente em nosso íntimo.

A angústia é um sentimento de inquietude que está presente na fonte da livre opção. Não tem um objeto definido, como o medo e o pecado, seu objeto é quase um nada. Não é uma falta, não é um fardo. A angústia é o solo da liberdade, pois para se definir melhor, a angústia é a própria possibilidade de liberdade, mas nem sempre encontramos o caminho para esta liberdade, e a única forma de liberdade que conseguimos foi a opressão do outro.

O sentimento de angustia do homem está relacionado com as suas escolhas. Ao viver o processo da escolha o homem mergulha em um grande abismo de angústia, pois ao fazer tal escolha o homem deve assumir a responsabilidade por tais. Então, todos os seres humanos estão condenados a viver a angústia, pois todos um dia vão fazer suas escolhas.

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