A presença de religiosos tem se tornado saliente na política

Na eleição de 2018, religiosos, sobretudo evangélicos foram decisivos na eleição do presidente Bolsonaro. Segundo uma pesquisa do Datafolha, 7 emcada 10 votaram nele. Nas eleições de outubro próximo haverá, cerca de 640 candidatas e candidatos que se intitularam religiosos, são pastores, pastoras, bispos, irmãos, apóstolos, padres e missionários, lembrando ainda que nem todos os religiosos assumem o sacerdócio como profissão.

A agenda dos candidatos está congestionada de encontros com famosos líderes evangélicos de igrejas tradicionais, como Edir Macedo, R.R. Soares, Silas Malafaia, amigos pessoais do presidente. Do outro lado, o ex-presidente Lula conta com apoiadores religiosos mais progressistas e menos famosos como Ariovaldo Ramos e Henrique Vieira, pastor evangélico, que foi vereador na cidade do Rio de Janeiro.

Onde estão os homens ungidos com a missão de cuidar da alma do povo? Muitos estão em campanha eleitoral tentando se eleger a um cargo eletivo ou empenhados em transferir votos de suas igrejas para determinados candidatos. Em Mato Grosso, um pastor da Igreja Assembleia de Deus é candidato ao governo do estado.

De acordo com uma pesquisa do Instituto de Estudos da Religião, lançar candidaturas com apelo religioso traz bons resultados para os partidos políticos. Na eleição passada, de 2020, as candidaturas que mobilizaram a religião de forma direta foram vencedoras, principalmente porque os candidatos circularam por muitos espaços religiosos, falando com os frequentadores numa linguagem familiar e se valeram da proximidade com altos escalões do governo federal, cargos notadamente ocupados homens ‘extremamente’ evangélicos.

A maioria dos líderes religiosos mais influentes, têm declarado nas mídias que continuam apoiando Bolsonaro, por uma série de motivos que vão desde os compromissos públicos com a proteção da família tradicional à defesa da isenção de impostos para as igrejas. E esses líderes se posicionam e falam abertamente sobre suas escolhas políticas e eleitorais, batendo firme para influenciar o voto de seus rebanhos, fugindo do que idealmente seriam seus propósitos.

Cientistas políticos estão debruçados em dados e observações que investigam a fundo o voto evangélico e creem que nas pequenas igrejas de bairros mais periféricos, os pastores estão abandonando a discussão eleitoral para evitar acirramento das discussões dentro da comunidade e pela necessidade dos pastores voltarem aos seus trabalhos de base, ligados às aflições da vida familiar, como, endireitar os casos de desvios, buscar vagas em hospitais, buscar trabalho, moradia.

Se a religião detém autoridade política, sua ambição é ampliá-la e não é para cumprir nenhuma missão divina, motivada a reformar a sociedade sob a orientação espiritual. Tanto a religião quanto a política têm um objetivo comum: explorar a fé para adquirir poder político. Existe, claro, grupos de pessoas que desejam mudanças em suas vidas cotidianas e ao mesmo tempo não desejam abandonar a religião. Essas pessoas tornam-se partidárias e dão tanto à religião quanto à política uma nova interpretação no sentido de equilibrar o domínio que uma tenta exercer sobre a outra.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *