A sociedade vigiada de 1984 e 2022

Um livro que se conecta aos dias de hoje é 1984, escrito por George Orwell em 1949, um livro para ser lido ou relido em tempos difíceis. É um livro que merece uma leitura atenta especialmente pela maneira como captura muitas tendências políticas preocupantes ainda em uso nas sociedades atrasadas.

É um romance perturbador sobre um governo poderoso, que criou um sistema de monitoramento através das teletelas instaladas por toda parte, para que o Grande Irmão, o estado, pudesse controlar e vigiar as atitudes e pensamentos das pessoas 24 horas por dia, promovendo programação de lavagem cerebral e punição diante de qualquer tentativa de criticar, sonhar, romantizar a vida ou fazer uso dos talentos inatos.

Paralelos, contradições e analogias feitas para mostrar que tal poder não reside somente nos governos, embora não possa florescer sem a concordância destes. No ano de 2022 vivemos felizes e colaborativos numa sociedade vigiada por milhares de agentes do Grande Irmão, que bisbilhotam nossas vidas sem grande dificuldade, porque nós mesmos projetamos nas mídias sociais imagens detalhadas de nossas rotinas, antecipamos nossos sonhos e demonstramos a predileção política, sob a pena de sermos alvos da pressão da invasão de propaganda, das tentativas de manipulação e um bombardeio de fake news que favorecem os planos do  grande senhor, de sustentar e prolongar o poder do estado que criou para si e para os seus.

Winston, o personagem principal do livro era funcionário de um Departamento do Ministério da Verdade, encarregado de falsificar os registros históricos, para que constem apenas fatos que expressem apoio ao governo e, secretamente acumulava revolta contra o grande irmão e desafiou toda engrenagem de vigilância e alienação.

Em 2022 muitos questionam a agressividade, o preconceito do grande líder e se movem esperançosamente em direção à libertação, independente da grande massa que não se preocupa em questionar, analisar criticamente os atos e palavras pronunciadas pelo grande irmão. Outros, negociaram o direito inalienável de pensar livremente pelo discurso hipócrita de defesa da tradicional família perfeita e pela fé, que nem deveria estar incluída nas coisas do estado.

No livro 1984, escrito há 72 anos, George Orwell faz um importante alerta sobre a perda da liberdade e da democracia quando o estado, através de seu aparato de intimidação e vasto exército de fanáticos atuam como transportadores de informações e como auxiliares de vigilância, em 2022, fazendo uso da farta tecnologia disponíveis nos smartphones, os intolerantes invadem a caixa de mensagem das pessoas para profetizar a continuação do poder do mito, o grande senhor que governa acima de tudo e de todos.

Em 1984, o estado faz uso de seu vasto império de vigilância para manter a ordem, em 2022, contrariando o ensinamento do livro, o grande irmão brasileiro armou a população civil e incitou a quebra da ordem com invasão de instituições.

Em 1984, o governo constantemente apaga e reescreve a história que se tornou inconveniente, permitindo limpar a memória e continuar vivendo sem o peso das suas transgressões e em 2022 isso não mudou. Declarações graves dadas e atos polêmicos são desmentidos, mascarados ou sutilmente justificados e no momento conveniente, de olho no voto, o grande irmão vem a público, com as veias do pescoço saltadas pelo esforço e se desculpa.

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