A maior economia da América Latina travou as rodas diante dos itens básicos da pauta de reivindicação dos caminhoneiros; que é a redução dos preços dos combustíveis através da isenção do PIS e do Cofins.
O combustível esgotou-se nos aeroportos de várias Capitais do país. Embora, o Brasil seja, desde sempre, suscetível à greves no setor de transporte, porque priorizou o transporte rodoviário, que hoje carrega mais de 64% dos produtos transportados no país, a situação de greve escancara a realidade que choca o mercado internacional: o Brasil, um grande país exportador, não consegue garantir o embarque dos produtos comercializados.
A Petrobras, desde julho do ano passado, vem promovendo aumentos abusivos nos preços do petróleo para equipará-lo ao preço praticado nos mercados internacionais.
Essa política tem inviabilizado, sobretudo, o negócio dos caminhoneiros que trabalham independentes e não conseguem transferir esses aumentos ao preço do frete. Um caminhoneiro autônomo, com mais de 20 anos na estrada calcula que 70% de seus lucros são consumidos pelos custos de combustível.
O impacto do movimento dos caminhoneiros na economia dependerá obviamente, do tempo de sua duração. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia disse que o presidente Michel Temer dobrou a alíquota do PIS Cofins, da gasolina, do etanol e do diesel de julho de 2017 a junho de 2018, arrecadou mais de 20 bilhões pagos pelos brasileiros aos cofres públicos, e o preço do diesel praticamente dobrou desde 2016.
Rodrigo Maia entende que, agora, o governo poderia baixar um decreto, zerando o PIS e Cofins do diesel e voltar ao nível de alíquota antes praticado da gasolina e etanol.
A Abcam, uma associação, que representa mais de 600 mil motoristas, reconhece que queria mesmo que os motoristas protestassem pacificamente e sem bloquear as estradas. Na verdade, a Abcam é o reforço do movimento, mas agora, depois da ameaça de Temer de colocar “os ocupadíssimos” homens do exército para dirigirem os caminhões, teme pela segurança de seus associados.
A CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) já havia reivindicado ao governo, a redução no preço do diesel e no preço do pedágio e ameaçado deflagrar uma paralisação nacional se não fosse atendida.
E o que tem dito o presidente Temer? Disse que não permitirá que a população brasileira fique sem os produtos básicos e que uma minoria radical de caminhoneiros está mantendo a população refém e que eles não tem o direito de paralisar a nação. Mas, paralisaram.
Temer autorizou o exército a fazer a fila de caminhões rodar nas rodovias federais e disse para governadores fazerem o mesmo nas rodovias estaduais, (não fizeram). E até os generais duvidam que tenham combustível suficiente para empreender qualquer operação agora.
A Pátria parou. O Brasil parou, num movimento significativo sem notícias de incidentes. O clima é de serena determinação. Em notas oficiais, os governos anunciam que os serviços essenciais estão sendo mantidos, a polícia escolta caminhões de combustíveis que devem abastecer as ambulâncias, carros das polícias e outros serviços emergenciais, mas grande parte dos orgãos públicos preferiu paralisar o funcionamento e dispensar os funcionários, enquanto as partes negociam e anunciam acordos e desmentidos.