As virtudes das diferenças

O Brasil é formado por um bom contingente de pessoas jovens, são mais de 47 milhões de pessoas habitando um país grande demais para não ter futuro, que não pode seguir errando, apostando na luta em vez do diálogo, insistindo no embate e não no entendimento, na divergência em vez da convergência, no antagonismo em vez da empatia para com o diferente.

Ás vezes é necessário certo recolhimento, um olhar distanciado para pensar, observar, sentir o pulso do país, tentar farejar no ar o rumo certo e encontrar uma forma de alinhar o rumo do barco desgovernado que se transformou o país nos últimos anos.

Talvez ainda esteja meio cedo para muitos definir, outros, assim como eu, não precisam se preocupar com a decisão e a esperança amadurecidas, ainda que faltem 76 dias para as eleições. Não vingará a tão propalada terceira via projetada em tantos perfis, nomes que sobem e descem insignificantes na escala das pesquisas. O voto não migrará dos dois polos polarizados para convergir ao centro. Fato incontornável é que a grande maioria do eleitorado está dividida entre Lula e Bolsonaro, mais ou menos 45% com Lula, 30% com o presidente e ninguém com capacidade de captar algo próximo dos 25% restantes.

Essa convergência não chegou sequer perto de existir. Principalmente porque Ciro Gomes, que tem sido o terceiro nome mais evidente não se encaixa no perfil pacificador, não esboçou nenhuma mudança e seguiu, como sempre, brigando com todo mundo, com Lula e com Bolsonaro, mas também com Dória e Moro.

Do outro lado, entre Lula e Bolsonaro, nenhuma dúvida. Bolsonaro, foi se mostrando na presidência uma pessoa desarrazoada, instalou no país uma insânia passional com desvarios violentos e sempre disparando a verborragia que lhe é peculiar contra a Justiça Eleitoral.

Não tenho como me opor ao movimento Lula Alckmin, não quero me opor a esta aliança que parecia improvável e se converteu numa extraordinária relação de respeito, porém estarei sempre propensa a reclamar dos erros e dos excessos, sem adentrar na questão da hegemonia petista de um projeto de poder duradouro.

 Acredito muito nas virtudes das diferenças que se unem em prol de um projeto nacional, na complementaridade de várias tendências políticas capazes de caminhar juntas sem a necessidade de incitar a destruição política do adversário.

Ainda que, dentro da minha reconhecida insignificância, vivendo momentos de declarada intolerância política, de ameaça de não aceitação do resultado desfavorável das urnas, eu confio que Lula, agora que caminha para o ciclo final da sua vida, se mostre ainda maior do que foi quando governou o país, o que é vital para um país que não suporta mais desastres políticos e econômicos, um país que precisa reduzir o custo do Estado que se abre em benesses eleitoreiras, um país em que o ideal da sua juventude hoje, é ter a oportunidade de ir embora.

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