Balaio de gatos

Não sou filiada ao PT nem ao PSDB e entendo que o momento que Brasil atravessa não pode ser discutido dentro dessa ótica estreita e polarizada. Não são os partidos, embora em todos haja corruptos, mas este sistema político brasileiro, contaminado e voltado para a prática de atos de corrupção, que tem transformado o país e a política numa máquina impiedosa de arrecadar dinheiro para sustentar a burocracia, os escandalosos gastos públicos e a corrupção endêmica, que obviamente não é restrita a classe política, mas que, segundo o cientista político Francisco Sampaio, da PUC de SP o esquema tem se mantido de governo para governo, desde Itamar Franco.

Apesar de termos recuperado o status de país democrático há pouco mais de 30 anos e termos sofrido as revezes de 2 décadas de ditadura militar, não aprendemos ainda a ser livres, a cultivar o pensamento crítico e exercer pressão sobre os parlamentares em quem votamos, para que legislem dentro do que pregaram na campanha política, para que se posicionem publicamente sobre os temas graves que estão balançando a República. É muito ruim este distanciamento entre os eleitores e seus representantes.

É possível destituir a presidente? Sim, apesar do sistema! O processo de impedimento já começou e não creio que configure golpe. Os políticos devem prosseguir com o processo. O impeachment é um instrumento democrático, previsto na Constituição, mas começou mal, porque começou sob o signo da barganha com o presidente da Câmara, um político investigado. E tiveram que barganhar por que?

Porque a base aliada da presidente Dilma é extremamente pulverizada entre os partidos, infiel e gulosa. Ao perceber que o governo do PT perde substância, dobra o preço do apoio. O cientista político Roberto Romano, da Unicamp, assegura que a população sabe que a simples saída da presidente pouco mudará no relacionamento do Estado, que continuará autoritário, pouco democrático e movido à base da corrupção. “Tal fato não se deve a um ou dois partidos, mas a todos.”

Apesar de marcar território e votar sistematicamente contra os projetos do governo na Câmara e no Senado, a oposição ainda não encontrou um discurso honesto e capaz de questionar o governo do PT. O que ocorreu foi que o governo enfraqueceu por si, tropeçou nas próprias pernas, mas a oposição não teve competência para se fortalecer, nem as custas disso.

Seria ingênuo pensar que o destino da nação depende do número de manifestantes que se colocam nas ruas, mas na dúvida a oposição transferiu a responsabilidade para o povo.

O movimento Vem Pra Rua, um dos organizadores dos protestos, contabilizou manifestações contra a presidente, com estrutura de carros de som, adesivos, camisetas, faixas e cartazes em mais de 400 municípios brasileiros e também em 23 cidades de 13 países, entre eles Estados Unidos, Portugal, Espanha, Reino Unido, Suécia e Alemanha.

Ouvi de um amigo um questionamento interessante para o qual ninguém do grupo teve resposta. E você…já se perguntou quem paga essa conta?

Claro que quem foi às ruas sabe. Se estavam manifestando contra a falta de transparência e corrupção, não participariam de algo que não fosse totalmente transparente e lícito, não é?

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