“A mente, como o paraquedas, funciona melhor quando aberta”
(frase antiga, cuja autoria é atribuída a muitos)
Sempre que estamos prestes a tomar uma decisão difícil, pensamos sobre qual seria o melhor caminho a seguir, estabelecidos em argumentos fundamentados pela crença, pela cultura, pela família e tantos outros valores agregados, que instituem a formação moral de uma pessoa. Na simplicidade de muitos, uma divindade define o que é certo ou errado, e para facilitar a compreensão, eu diria que estou sempre certa e é fundamentalmente bom acreditar que o outro está sempre errado porque nossas teorias contradizem umas as outras. Percebe-se que o certo e o errado são julgamentos de valores relativos.
O mal-entendido dentro de nós que diz que algo é certo ou errado é simplesmente a soma dos ensinamentos transmitido por nossos pais, pela mídia, amigos e extraído também da consciência social, por isso este sentimento interno de pressão para fazer as coisas consideradas certas, isso posto aqui, sem valorar o que é certo e errado, pode equivocar o destino real de nossas vidas, nos desconectando do que somos verdadeiramente.
Eu não acho que o certo e o errado existem, são apenas rótulos colocados sobre os comportamentos alheios e nossos. A vida toda tentamos agradar, seguir regras, ser exemplos, ter boas maneiras, não perder a paciência. Lutamos não só com o que, de fato, devemos fazer, mas com a forma como o mundo em que estamos inseridos nos reconhece. Preferimos passar horas tentando provar um ao outro quem está certo ou errado.
Mesmo na pós-modernidade os padrões morais são decididos por coerção e consenso. A moralidade não está ligada a Deus ou leis naturais; os sistemas éticos estão construídos dentro das sociedades. Cada cultura tem seu próprio conjunto de padrões morais decorrente das diversas influências dentro de cada grupo em particular. Mais ainda, a moralidade não está estagnada; ela muda, se adapta e está em constante evolução.
Eu quero importar-me cada vez menos com os julgamentos que forem concebidos sem avaliar o meu grau de coragem, de compaixão, de honestidade e de verdade. Deixo para outros a dureza do preto ou branco, do certo ou errado. Entre manter-me entrincheirada medindo valores alheios, decido permanecer aberta e curiosa para encontrar o que traz efetivamente a paz.
Quero viver uma vida bela. Se existem Deuses bons e justos, eles não se importarão com o quão devota eu tenha sido, mas me acolherão baseados nas minhas virtudes. Se há Deuses que não sejam justos, nem devo adorá-los. Mas se não há Deuses e eu tiver vivido uma vida nobre, quando partir, permanecerei na memória dos meus entes queridos, parafraseando Marcus Aurelius, imperador romano.