Derrubando estereótipo de País do samba e futebol

Se a Inglaterra inventou o futebol para o mundo, o Brasil encarregou-se de tornar o esporte popular e tem o time mais bem sucedido da história, com cinco títulos de campeão mundial. Há registros que colocam o futebol como o esporte mais popular do mundo e desde 1930, a Copa do Mundo revela-se como um evento multinacional, multi racial, que tem sempre aspectos culturais ou políticos envolvidos na sua realização. O que entendo ser absolutamente compreensível, visto que é um momento em que o mundo inteiro está de olho no que acontece no país sede e é garantida a divulgação das reivindicações, a exposição das mazelas em todas as mídias nacionais e internacionais. O futebol pode funcionar como uma ferramenta interessante para mostrar que mudamos. Nos dias atuais nem os grandes times nacionais tem conseguido colocar grande público nos estádios.

Li com surpresa que até o sisudo banco de investimento Goldman Sachs produziu um relatório interessante sobre a copa do mundo, sob o título “A Copa do Mundo e a Economia em 2014”. O relatório é amplo e analisa a evolução econômica do país sede da copa, dos países participantes e estatisticamente indica o possível vencedor. Não tenho a intenção de deixa-los curiosos.

As seleções foram estudadas desde 1960 e também levaram em conta que os times sul-americanos venceram os Mundiais disputados no continente. Acertadamente a previsão para o Brasil vencer na Copa na Africa do Sul, era de apenas 26% de chance. Deu no que deu. O Brasil foi eliminado nas quartas de final. Economicamente, o estudo aponta que apenas nos três primeiros meses após a copa, há certo ganho no mercado de ações para o país vencedor e país sede, depois esse ganho tende a diluir-se e tudo volta ao normal.

Uma deliciosa leitura sobre as Copas do Mundo é o livro de James Montague, jornalista e escritor britânico, que documentou vários jogos de classificação para as Copas e reforça a relação estreita entre futebol e política quando relata o caso ocorrido com a Seleção da Eritréia, um pequeno país africano, cujo time nacional foi jogar  em Kampala, capital da Uganda pela Associação de Futebol da África Central e do Leste. Após a derrota de 2 X 0 para Ruanda, todos os dezesseis jogadores desapareceram, ou melhor desertaram e pediram asilo na Uganda.

Lembra James Mantague que não é raro jogadores da Eritréia aproveitarem-se das viagens internacionais para fugir do País. Isso ocorreu com seis jogadores em 2007, doze jogadores fugiram em 2009 para o Quênia e 13 jogares já haviam fugido para a Tanzânia. O técnico atual do time menospreza os jovens fujões e garante que eles foram substituídos por uma nova geração de jovens raçudos, nos quais ele “quase acredita”. Já a ONU alega que centenas de eritreus fogem do país todos os meses por causa do governo repressivo e da extrema pobreza. Viu como funciona? O futebol garante a mídia para dar visibilidade às denuncias também.

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