Desídia

Sim, eu sei que é carnaval. E o que você acha que os políticos estão fazendo no feriado? Falando de política e articulando seus espaços.
Façamos o mesmo aqui, já que um dos principais problemas que vejo no país, quando falamos de eleições é que as pessoas simplesmente não são informadas, não articulam o preenchimento de suas representações políticas, como eleitores. É por isso que são influenciadas, na última hora, pela campanha política feita na televisão. Não tem sido assim? Precisamos evitar a supressão do eleitor.
Somos doutrinados para acreditar que nossas únicas escolhas são invariavelmente entre um e outro candidato e isso nos impede a olhar em volta. Se consideramos que a classe média está afundando e já não tem poder aquisitivo suficiente para manter a economia crescendo e criando empregos; se vemos que os ricos estão só acumulando riqueza e que muitos políticos estão usando o poder para obterem maiores ganhos corporativos e subsídios para seus próprios negócios, tudo isso significa menos igualdade de oportunidades. Eu li na revista Forbes que o Brasil produziu 19 novos bilionários ano passado. Mas o que isso tem a ver comigo? Eles bilionários não nos representam e de certa forma, causam desconforto ao raciocínio.
Se você vê a política com desconfiança, veja bem, não precisamos alimentar a máxima de Carl Schmitt que atribuiu à política um critério seco de distinção: a oposição entre amigos e inimigos. Em tese, os aliados seriam os amigos e o inimigo, aquele com quem debatemos. Penso eu que a política segue um código de regras que avançou. Fazer oposição é saudável. Não há como pensar na esfera política sem conflitos.
Se é para sermos ativistas, devemos sê-lo de modo coletivo. Não podemos nos contentar em sermos eleitores de olhos abertos, mas mudos. Devemos ser mais ativos politicamente e observar de onde podem vir as melhores soluções para os problemas da pobreza, da segurança, da saúde, da educação, do meio ambiente. Devemos nos comportar como observadores políticos permanentes e ser otimistas quanto a condução do processo eleitoral que, incontestavelmente passará pelas nossas mãos.
Cidadãos orgulhosos, que trabalham querem um país com economia estabilizada ou crescente, querem produzir, sentirem-se parte da engrenagem que move o país. Então esse é seu dever consigo: pensar na política como um dever moral, que pode harmonizar o que você considera digno e humano. É o dever de exercitar a liberdade interior, onde pulsa os princípios da cidadania.
Alguém indiferente sobre como a situação do país está para os outros é absurdamente egoísta. O cidadão não deve renunciar a sua personalidade e envergonhar-se de posicionar-se contrário ou apoiar o que está posto. A consciência e a valoração em pé de igualdade com os outros é a leitura que se faz de pessoas com grande valor moral. Estas, devem sim, disporem de si mesmas, de modo íntegro, para coibir os abusos que consideram inaceitáveis.

Compartilhe

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *