Conforme caminhamos para a batalha das eleições, as discussões, as reuniões entre os grupos políticos de apoio ou oposição ao governo começam a se articular e isso provoca, embora não devesse, um julgamento precipitado dos homens que compõem esses grupos; sejam eles trabalhadores, democráticos, republicanos, socialistas, solidários ou trabalhistas. Importa muito a sintonia entre o grupo apoiador e o governo para a preservação do poder, igualmente importante é observar a escolha dos aliados e como eles se comportam dentro do grupo político.
Muitos deputados, prefeitos e vereadores reclamam que seus partidos têm pouco espaço no governo e pressionam para ampliá-lo, de olho nas composições das chapas para as próximas eleições. Mas estariam de fato considerando ampliar o espaço particular ou do partido? As composições são partidárias e não devem privilegiar os interesses de ocasião dos aliados obstinados em demonstrar falta de humildade política, ignorando os partidos.
Maquiavel construiu suas teorias a partir das circunstâncias, do lugar e do tempo em que viveu e deixou escrito formas discutíveis de dominação para se ter o poder: Os opositores devem ser aniquilados; destruídos no sentido exato do termo ou reduzidos em seu poder e argumentação, tornando-os nulos. A habilidade de dissimular, o parecer ser o que de fato não é, é outro ensinamento determinante de dominação no jogo do poder. E tão atual quanto possível é o aliciamento; conquistar com base na persuasão, seduzindo os futuros aliados com promessas e ganhos. Contextualizando o momento de democracia moderna que vivemos, vê-se ainda essas práticas diluídas aqui e ali.
No entanto, há clareza quanto aos grupos que não marcharão juntos, sobretudo devido à conjuntura nacional que envolve os partidos políticos. Mas é salutar manter o diálogo, assim como aceitar a coexistência de fundamentos políticos divergentes. É realmente necessário essa movimentação, esse assédio de um grupo ao outro para se conhecer as intenções alheias, aparar as arestas e nivelar as mensagens que hoje soam conflitantes. No universo político não é muito típico a repetição. Raramente a mesma mensagem é dita duas vezes. É um desafio saber quem terá a autoridade para impor disciplina nesses 5 meses de confabulações secretas ou explícitas.
A democracia é também esse sistema anti autoritário, em que é comum o recuo, a indefinição dos rumos e a desobediência ao todo poderoso do partido. O partido de personalidade autoritária, é o Partido Republicano americano, composto por pessoas que prezam a arrogância da autoridade, obedecem aos mandamentos com receio de atualizar a ordem estabelecida. Isso não existe no Brasil, embora tenhamos aqui o Partido da República, mas nos moldes da democracia brasileira.
Os eleitores leem tudo, perguntam tudo e espero que entendam que esse momento político é assim mesmo. Não adianta que fiquemos irritados ou confusos. As partes não estão em guerra e lá na frente vão fazer composições que hoje hesitamos acreditar. Isso porque a política obedece a um código de regras diferente, onde o aliado ideal nem sempre é um amigo.