Rompimentos são desagradáveis, perdas são acontecimentos devastadores. Sentimos falta do abraço, da palavra, mas mesmo tristes, temos que ter coragem para continuar porque é assim que a vida acontece, entre momentos felizes e tristes. Deve existir dentro de nós uma brigada de resgate para nos fazer crer que existe um mundo além da nossa dor, do desespero que nos paralisa, da falta que o outro nos faz.
Ficar se consumindo em auto piedade, em apelos dramáticos não é uma atitude emocionalmente saudável. A vida tem seus ciclos e eles se cumprem inexoravelmente! O amor, de modo geral, é incondicionalmente efêmero e muitos relacionamentos são também a base de sentimentos egoístas e passageiros. A amargura pode transformar-se em momentos doces, reflexivos, saudosos, se flexibilizarmos nosso entendimento que a saudade não é um sentimento ruim, que a tristeza não é necessariamente um estado depressivo, mas uma temporária fase de melancolia, que eu definiria como um sentimento um pouco vago, uma coisa que deixa a alma intangível, mas algo que seduz, no meio do ardor, desejo de viver e amargura do mistério e arrependimento.
E se pensarmos no todo? Só sentimos tristeza e saudade por algo que foi bom, que amamos verdadeiramente e sentimos falta. Sejamos gratos pela experiência vivida e vivamos a nova fase que acena, trabalhando muito, lendo, escrevendo, pintando, chorando, cozinhando, assistindo um filme, experimentando algo novo, praticando o que dá prazer. Esse frenesi de atividades distrai a tristeza, mesmo que não estejamos ainda curados. Vários estudos demonstraram os efeitos excelentes de exercício físico nos momentos de tristeza; sair e movimentar-se, apesar do tempo sombrio e triste no coração.
As situações de rompimento e perda servem ainda para reafirmar quem são os verdadeiros amigos, que é saudável recorrer a companhia deles, fazer-lhes confidências, pedir apoio. Muitas vezes negligenciamos os bons amigos por causa de relacionamentos que nos ocupam demais a mente e o coração. A tristeza não é uma enfermidade. É um estado de espírito, que só não pode ser usado como desculpa para estagnar, para maltratar as pessoas, para reclamar. É o momento propício para aprender. Chorar faz bem, porém, temos que parar mais cedo ou mais tarde, e em seguida, decidir o que fazer. A tristeza é boa na medida em que ajuda a refletir e nos empresta um olhar para dentro, uma luz nítida que diferencia o bem e o mal, um olhar sóbrio, que trás respostas que nem sempre gostamos. Mas, como poderemos crescer e mudar se nos olhamos e nem sempre nos enxergamos?
E, se no entanto, entre os fatos de uma vida feliz, acontecer momentos melancólicos, não são nada senão uma pausa para refletir e pensar mais e mais profundamente sobre a qualidade dos relacionamentos que estamos vivendo, sobre os altos e baixos da vida e sobre as lições que podemos aprender, de nenhuma outra forma, senão com certa dor. Já que não podemos suprimir esses estados emocionais sofridos, façamos bom uso deles!