O Brasil é indiscutivelmente um dos países mais importantes do mundo em vários contextos. É um dos produtores de alimentos mais eficientes do mundo e graças aos recursos hídricos e terrestres, será sempre uma potência agrícola muito significativa.
Apesar de certo descaso, nunca teve a condição de líder regional da América do Sul ameaçada. Muitos programas de infraestrutura foram concebidos, outros de transferência de renda foram implantados, mais de 40 milhões de pessoas saíram da pobreza e adentram na faixa de renda média baixa da população.
Agora, diante de estimativas pessimistas, podemos baixar a posição no ranking das maiores economias do planeta. Não é o fim do mundo!
Todos podemos concordar que algo deu terrivelmente errado na condução do governo e da governabilidade, onde há uma estrutura extraordinariamente burocrática e muita corrupção e que o nenhum partido político é melhor do que qualquer outro.
Aliás, não existe uma política partidária coerente no país há muito tempo. Os dois chefes do Congresso, ambos do PMDB, Eduardo Cunha e Renan Calheiros estão provavelmente na lista daqueles que estavam recebendo suborno dos dirigentes da Petrobras e outras empresas.
O desafio de implementar reformas no momento favorável da economia e da governabilidade, não foi cumprido e quando o pendulo oscilou para o outro lado, o governo desestabilizou-se. Já se discute o Impeachment da presidente, como uma probabilidade crescente, embora a maioria dos especialistas afirmam que as investigações não comprovam fatos que a incrimine diretamente. Resta a questão política, que ao fim, é a base de tudo.
Contudo é o Congresso Nacional que irá decidir se o processo vai para a pauta de votação. Isso vai exigir uma votação de dois terços da Câmara e do Senado. Aprovando-se o processo de impeachment, o país teria de realizar novas eleições, conduzidas por quem? Eduardo Cunha! Presidente interino do Brasil.(se comprovado que o uso do dinheiro do Petrolão tenha financiado a campanha. Temer, sendo da mesma chapa e tendo sido igualmente beneficiado, também ficaria impedido de governar dando ensejo às novas eleições.
Este processo, considerando o último que ocorreu, é longo, pode levar mais de meio ano. Interessante é que a classe política não tem feito nada para restabelecer a segurança ao povo, tampouco para acudir e estabilizar a governança. E olha que não estamos falando da política do trivial, mas de uma crise grave e impactante. Quanto a decisão de cassarem a presidente, esta já foi tomada.
Quanto aos cidadãos brasileiros, diria que estão em parte irados e organizando-se para mobilização de rua, que é um palco democrático, porém performático. Discutir política, falar honestamente sobre a crise e os possíveis desdobramentos, é algo maior. A sorte da presidente está lançada.
Temos que construir uma abordagem mais profunda sobre os riscos da instabilidade política e econômica. Nenhuma crise deve ser avaliada isoladamente, porque fatores internos e externos, que contribuem para o agravamento do cenário, devem ser contextualizados no debate.