Na história política recente do Brasil muitos empresários destacados conseguiram trocar, porque é impossível conciliar, a direção dos negócios por cargos eletivos importantes, embora seja mais comum ver políticos ampliando o poder e tornando-se empresários poderosos.
Certo é que Blairo estimulou muitos empresários de Mato Grosso a entrar na política, embora os interesses dos empresários e dos políticos nem sempre sejam coincidentes.
O discurso foi sendo ajustado ao longo dos anos, à atenção focada no exercício da política como governador, senador e ministro e um espaço temporal de 16 anos não pode ser chamado de aventura.
Econômico nas palavras, gestos e dinheiro, passou mais de 7 anos almoçando no próprio palácio para otimizar tempo e dinheiro. Manteve programas do governo anterior, inovou com as parcerias para construir estradas, com a criação dos núcleos sistêmicos, com as visitas regulares aos municípios do interior e instalação de gabinete itinerante desde o Parque Indígena do Xingu até Vila Bela.
Dizem que deu atenção exagerada ao agronegócio. Pode ter dado, porque essa além de ser uma atividade que ele domina, é a vocação do Estado, a maior fonte de renda desde muito antes de ser governador.
Como ministro recuperou os valores das exportações brasileiras e, atuando firmemente, conseguiu estabilizar os efeitos aparentemente devastadores da Operação Carne Fraca. Recuperou mercados afetados e abriu novos após derrubar as medidas restritivas impostas pelos mercados internacionais.
Dizem também que ainda hoje falta-lhe certa sensibilidade e que o discurso absurdamente direto muitas vezes causa desconforto ao interlocutor. Isso porém prova que o poder não lhe alterou muito o discurso nem o modo de ser.
Sem teatralidade, vem dando sinais que precisa de um tempo para si, para a família e para as empresas e eis que formaliza o que tinha dito com toda a intenção: não disputar as eleições de 2018.
Fora da política? Não.
Como um dos maiores empresários do país não pode estar fora do cenário político, nem mesmo depois que entregar o cargo de ministro. Muitas mudanças devem acontecer pré e pós eleição; combinações, articulações, composições e os espaços vazios vão sendo ocupados nas esferas estaduais e nacionais.
A vaga de senador que aparentemente já lhe pertencia está devolvida ao Estado e uma meia dúzia de postulantes vão tentar se viabilizar para postulá-la. Todas as outras esferas da disputa das eleições no Estado, sofrerão revés, serão abastecidas com uma nova ordem de configuração devido ao tamanho do espaço que Blairo ocupa na política de Mato Grosso.
A fila anda e muitos cidadãos que marchavam anos atrás reclamando das políticas do governo, compondo movimentos sociais, estão agora engrossando as fileiras de candidatos. Espaço político não se mantém vazio.
Um sai, outro ocupa e um novo momento político com Blairo pode até acontecer, mas será um momento novo, uma composição política nova. O modelo político sucateado que ai está não agrada a muitos, poucos porém podem dar-se ao luxo de dizer: por ora chega!