Os humanos são adaptáveis. Estamos vivendo um tempo interessante, que pode ser interpretado como uma benção ou maldição, à medida que enfrentamos várias ameaças, que vão desde a evolução tendenciosa dos algoritmos, o extremismo político e religioso e as mudanças climáticas. Mas sobreviver neste planeta é nosso instinto.
A Associação Americana de Sociologia divulgou pesquisa feita com 105 profissionais de áreas diversas, entre os quais sociólogos, antropólogos, neurocientistas, astrônomos, médicos, ambientalistas, advogados, educadores, biólogos… de vários países e duas questões foram colocadas para debate: “O que mais preocupa no futuro e o que dá esperança no futuro”.
As preocupações passam exatamente por onde imaginamos: Nossos sistemas econômicos, políticos e religiosos não funcionam para todas as pessoas. Acentuam as desigualdades, a fome, preconceito, a divisão crescente ao longo das linhas da etnia, religião e raças. Há uma preocupação centrada nos maus políticos, nos governos autoritários, que promovem corrupta distribuição de recursos ambientais e financeiros além de esvaziar a cidadania e direitos civis dos cidadãos. Preocupam-se também com coisas que aparentemente ocorrem sem controle no mundo todo: proliferação de notícias falsas, comércio das drogas e armas e a retórica do ódio.
Entendo que a essência do ser humano é o amor. A ganância e o ódio são os desvios. Mas não estamos numa situação de sentar, respirar fundo e relaxar, todavia, foram surpreendentes as considerações dos pensadores apontando os caminhos pelos quais sairemos do vale nublado que nos encontramos. É impressionante a força que creditam aos movimentos sociais, com o engajamento de jovens. Dizem que os jovens estão reinventando o ativismo e encontrando maneiras radicais de entender e lidar com as injustiças praticadas ao longo dos tempos e responsabilizar culpados.
Constatam que a geração jovem está zangada e essa raiva justa ativa a criatividade radical deles, que estão caminhando numa combinação entre a ciência, a arte e teoria crítica, com o objetivo de criar conhecimento que não reproduza maior desigualdade e assim, o extraordinário potencial das gerações futuras de assumir desafios imensos, sem serem intimidados por fracassos do passado, deixou os profissionais pesquisados esperançosos de que a informação e educação acabarão chegando a lugares e grupos de pessoas, que historicamente nunca foram alcançados.
Os educadores relatam que orientam teses de jovens comprometidos, engajados nos processos de inclusão, que questionam as plataformas políticas antiquadas, desafiam os estereótipos do que é estabelecido como certo e errado. Que esses jovens utilizam os avanços da tecnologia para resolver problemas da vida real e através das mídias sociais se mobilizam e distribuem conhecimento.
Enfim, as interações saudáveis e a motivação humana para a inovação durante períodos de quase colapso, nos guiam em direção à novos caminhos, novas formas de conexões à medida que nos adaptamos a um mundo em mudança. Ainda estamos a tempo de perceber que podemos ser a salvação, ao invés de destruidores da vida e assim, eventualmente, encontrar um significado mais profundo para nossas próprias vidas.