Um espectro assombra as autoridades de Mato Grosso, onde por conta de uma operação, no mínimo desastrada de escutas clandestinas, instalou-se uma bagunça disfuncional, caótica e labiríntica, para beneficiar ninguém sabe exatamente a quem, mas o fato é que quem quer que seja mandante, este perdeu completamente o controle da situação.
Coronéis e delegados num vai e vem lamentável de elaborações teóricas ora intrigantes, ora tacanhas tentam confundir a opinião pública que acompanha o desfecho do caso, que parece infinitamente longe do fim.
Ao longo de 21 anos atendendo autoridades locais e nacionais convivi diariamente com oficiais militares, que na época se encarregavam de tarefas bem mais relevantes. Pasmada afirmo que não se fazem mais militares como antigamente. E olha que falo de um passado relativamente recente!
O que ganha o Estado com essa confusão toda? Quem está hipocritamente preocupado com a vida amorosa de um secretário de Estado? Por que realçar o caso amoroso se o objeto das escutas era meramente político? Embora o Ministério público tenha avocado para si a exclusividade do caso e provocado estranhamento com a OAB/MT e Tribunal de Justiça por conta da competência, há quase um excesso de órgãos nas investigações. Fora os acima citados, há a Corregedoria da Polícia Militar de Mato Grosso e a Procuradoria Geral da República.
As coisas não devem ser tão simples de resolver, porque a blindagem do culpado inclui tentar ofuscar os procedimentos que se aproximam da verdade dos fatos. É estarrecedor que não se queiram dar celeridade e seriedade as investigações e acabar logo com isso.
Os factóides criados estão despertando a ira de homens sérios e de conduta ilibada e aí reside a esperança para a sociedade, que cobra a elucidação desta contravenção porque todos merecem saber quem e afirmativamente porque instalou-se no Estado de Mato Grosso esse grave atentado contra a intimidade dos cidadãos.
O desembargador Orlando Perri, numa irritação que faz muito bem a democracia, assim se expressou: “há uns 30 dias eu já tinha recebido ameaças veladas visando a não emprestar a seriedade necessária as investigações. Outros desembargadores também receberam interlocutores no sentido de me ameaçar veladamente, para que eu me afastasse do processo da investigação”.
Bem, delitos e atos de corrupção possivelmente vão continuar sendo praticados enquanto a humanidade existir, porque por enquanto, o que traz a maioria dos homens para a vida pública é que lá vão fazer conexões e alianças para ganhar alguma coisa, de alguma forma.