Juízes e ativistas

Vivendo e aprendendo. Aprendendo a ter mais zelo com as palavras, com julgamentos e emissão de valores. Aprendendo a ler e ignorar os pensamentos agressivamente tolos, sombrios e copiados descolados do contexto em que foram produzidos e colados na rapidez que caracteriza a apoteose das mídias sociais e não tão somente estas.

Parece que estamos relativizando os excessos, o fatalismo para demonstrar estreita relação com o ativismo.

Alguns pequenos textos postados ou comentários se assimilam à advertências ou esquemas elaborados em realidades distantes para atrair a atenção e não são convites para discutir com graça e ironia determinado tema.

Essa realidade, fundamentalmente, favorece as retóricas, as opiniões excessivamente otimistas ou pessimistas, mas não a profundidade dos temas. E do que falamos quando nos expomos, senão da vida densa com crenças e descrenças, histórias de tristezas e doenças, cura e resiliência? E do que falamos senão das aspirações, dos amores que perdemos e achamos, de suposições e reordenações de nossas prioridades?

Escrever, comentar e sublimar as qualidades pessoais, democráticas e multiétnicas não é tarefa fácil para quem o faz com honestidade, porque as vezes vacilamos entre um valor e outro e isso é natural pois que estamos num momento de embate excepcional contra a intolerância, preconceito, violência, pobreza…mesmo assim, o discurso de deliberada aceitação não é válido, se não trouxer junto um processo reflexivo de determinar qual é o serviço que posso oferecer para ajudar a reorganizar as prioridades dos outros também.

Entendo que precisamos pensar com muito cuidado sobre a forma como as teorias que vão parar nas mídias, são construídas. Em muitos momentos, nos ocorrem ideias ousadas, impactantes, porém o mais importante é saber quais as consequências que essa ideia produzirá na vida das pessoas. Falar por falar, para “causar”, para prolongar discurso inócuo, acho perda de tempo.

Afirmações reproduzidas como verdades politicamente corretas caem por terra a todo momento, tanto tratando-se de política quanto da vida cotidiana.

Os choques que levamos são necessários para alterar nossa compreensão do mundo e do nosso lugar nele. Olhamos em volta e nos vemos cercados por indivíduos de rostos diferentes, condições econômicas desiguais e como reagimos?

Somos realmente tão acolhedores e flexíveis, revolucionários e vanguardistas como a imagem que vendemos de nós mesmos? Estar sentado ao lado de um negro pobre e imigrante realmente não te incomoda, sente um ímpeto em ajudar?

O pluralismo social, racial, de gênero e religioso é hoje efetivo e base da revolução praticamente permanente, que revira nosso cotidiano. Em anos recentes, estamos sendo provocados a nos manifestarmos a cada click que dão por aí e sinceramente, não tenho opinião formada sobre tudo, porém creio que o ideal é reagir sem regressões e respeitar o modo de viver de cada um.

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