Foi estabelecido a data de 20 de Novembro como dia nacional de Zumbi e Consciência Negra. A data é uma homenagem póstuma à Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do Brasil colonial, o quilombo dos Palmares, no Estado de Alagoas. Por muitos anos, Zumbi, nascido presumidamente em 1655, foi o comandante da resistência dos negros contra a escravidão. Poucos estados, entre os quais, Mato Grosso adotaram a data como feriado em todos os municípios. A luta contra o racismo é um estado de vigilância permanente e na contemporaneidade encontra representação na figura de um homem que fez da luta contra o racismo a razão de sua vida, Nelson Mandela!
“Long Walk to Freedom” – Longa caminhada até a liberdade é a autobiografia do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, uma das pessoas mais influentes do planeta no século XX. O livro relata a vida de Mandela desde seus primeiros anos, até as experiências amargas vividas nos 27 anos que passou na prisão, maioria do tempo em Robben Island sob o governo severo do apartheid. Desde jovem, morando no interior, Mandela se destacava academicamente e ao mesmo tempo ia construindo sua identidade nos movimentos contra o regime segregador que governava a Africa do Sul. Frequentou a única Universidade de Direito que permitia o ingresso dos negros. Mais tarde formou-se também em Artes. Envolveu-se profundamente nos movimentos de boicote liderados pelos negros, participava de reuniões políticas nos comitês de partidos de oposição (ANC). Assim, o Nelson Mandela ativista chegou em Joanesburgo e Pretória.
Envolvido em discussões diárias sobre os abusos do governo, a segregação e indignidades. Incitou greves, deixou o país ilegalmente para denunciar no exterior, as atrocidades cometidas pelo governo contra seus cidadãos negros. Foi preso e na sua defesa, disse no tribunal: “Durante a minha vida tenho-me dedicado a esta luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca e lutei contra a dominação negra. Tenho acalentado o ideal de uma sociedade democrática e livre em que todas as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal pelo qual espero viver e alcançar. Mas se for preciso, é um ideal pelo qual estou preparada para morrer ”.
Mandela foi considerado culpado neste julgamento e condenado à prisão perpétua. Sofreu retaliações na própria prisão. Havia restrição em tudo que era para ele, correspondência, visitas.
No entanto começou haver uma grande pressão internacional sobre a África do Sul, por parte de governos e da ONU, que recomendou ao governo que concedesse anistia a todas as pessoas que se opunham ao apartheid. O governo porém, seguiu promovendo segregação, propagando ódio e exclusão dos negros da vida política e espaços de poder no país.
Na prisão, Mandela lutou contra a crueldade dos carcereiros, organizou uma greve de fome para melhorar as condições de vida em Robben Island. No final, os guardas aderiram à greve. Mandela também usou seu tempo na prisão para educar outras pessoas. Ele fundou um tipo de universidade dentro da prisão, com um programa organizado por prisioneiros políticos do ANC. Conseguiu escrever muitos depoimentos relatando sua situação e a do país, os quais foram conseguiram chegar às mãos de líderes de outros países e assim a pressão pelo fim do apartheid ganhou importantes adeptos.
Finalmente em 1980, a campanha “Mandela Livre” foi criada e ganhou o mundo. O Governo tentou negociar a liberdade de Mandela com o fim dos movimentos e greves dos negros. Mandela recusou. A popularidade do líder negro cresceu e o presidente da Africa do Sul quis se encontrar com ele e juntos começaram a elaborar um plano para enfraquecer e desmantelar o apartheid. Mandela deixou a prisão em 11 de fevereiro de 1990, após cumprir 27 anos.
Mandela ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1993, graças a sua vida de luta pelos direitos da África Negra. Em seguida, ele inicia uma campanha eleitoral. Presidiu a Africa do Sul de 10 de maio de 1994 até 16 de junho de 1999. Morreu em 5 de dezembro de 2013.
Voltando ao cenário alarmante brasileiro, li no site do Senado um artigo recente, que começa dizendo que “o Negro continuará sendo oprimido enquanto o Brasil não se assumir um país racista. E que no Brasil, ser negro significa ser mais pobre do que o branco, ter menos escolaridade, receber salário menor, ser mais rejeitado pelo mercado de trabalho e assim, ter menos oportunidade de chegar à cúpula do poder político e aos postos de comando na iniciativa privada, além de ser vítima preferencial da violência urbana, ter mais chances de ir para a prisão e consequentemente morrer mais cedo. 77% dos jovens assassinados no Brasil são negros. A cada 23 minutos, um jovem negro é assassinado. São 63 mortes por dia, que totalizam 23 mil vidas negras perdidas pela violência letal por ano.