Quando você adota os padrões e os valores de outra pessoa você abre mão de sua própria integridade e se torna, na medida de sua rendição, menos ser humano, escreveu Eleanor Roosevelt em um texto sobre conformidade. No entanto, a conformidade não é apenas uma estratégia de sobrevivência, mas também algo institucionalmente doutrinado em nossa cultura.
O escritor e pensador dinamarquês Soren Kierkegaard (1813 – 1855), celebrado como o primeiro verdadeiro filósofo existencialista contemplava a continuada tensão entre o indivíduo e a multidão. Sua obra, que a rigor é sobre a religião cristã e lida com temas como a fé, o desespero e a angústia, não soou diferente quando escreveu The diary of Soren Kierkegaard, um curto ensaio, onde ele considera o quanto nossa incapacidade de contemplação silenciosa das coisas e dos fatos nos separa de nosso verdadeiro eu e, em vez disso, nos leva a adotar passivamente, sem contrapontos, os ideais dos outros.
Se outras pessoas fazem isso, significa que isso está certo e eu devo fazer também. Certo? Não. Isso se chama o princípio da prova social, quando, para determinar o que é correto precisamos olhar para o que outras pessoas estão fazendo e o que necessitamos mesmo é despertar o espírito humano individual do transe da multidão.
O ponto central do ser humano é sua unidade exclusiva, cada ser humano tem uma realidade infinita, e é orgulho e arrogância de uma pessoa não respeitar a individualidade de seu semelhante. O papel vital das minorias é ser um antídoto para o pensamento arrasador e grupal da maioria, teoriza Kierkegaard levantando a questão do indivíduo e da multidão. “A verdade está sempre com a minoria, e a minoria é sempre mais forte que a maioria, porque a minoria é geralmente formada por quem realmente tem opinião, enquanto a força da maioria é ilusória, formada pelas gangues que não têm opinião”.
A evolução do mundo tende a mostrar a importância absoluta da categoria do indivíduo à parte da multidão, cada um é um indivíduo, que, embora viva num mundo conectado e compartilhado deve conduzir-se lado a lado da liberdade, da vontade. Entretanto impressiona perceber pessoas que se deixam guiar inertes, que reverberam discurso de ódio, sem reflexão, percepção e sentimento enquanto nem mesmo a fé está livre da dúvida.
“Não seguirás a multidão para fazeres o mal”. Êxodo 23:2