Não seja normal. Seja você.

Maya Angelou, uma das escritoras americanas mais premiadas de sua geração, subverteu a normalidade de sua época, ao tornar-se, aos 17anos a primeira motorista negra de ônibus em São Francisco. Numa época em que não era comum, assumiu-se mãe solteira. Alguns anos depois, tornou-se a primeira negra roteirista e diretora em Hollywood. E mesmo depois de morta, torna-se, em 2022, a primeira mulher negra a ter o rosto em uma moeda norte-americana e proclamou com orgulho suas palavras: “Se você está sempre tentando ser ‘normal’, nunca saberá o quão incrível você pode ser.”

Normal pode ser semelhante ao usual, médio, típico ou esperado. Normal implica em conformidade com um padrão preconcebido, que pode limitar seu potencial. Você pode nunca alcançar o extraordinário, desde que opte por permanecer comum. Normal geralmente não significa estender os limites. Normal geralmente não significa pensar fora da caixa. Normal geralmente não significa alcançar a grandeza. Atos normais, rotineiros, não mudam o mundo.

O mundo ‘normal’ sugere que existe uma maneira certa e errada de ser uma pessoa e não há. Existe um espectro de comportamento aceitável na sociedade e ele é vasto e varia muito. As pessoas geralmente querem ser aceitas socialmente e o caminho considerado mais fácil é se encaixar no comportamento da multidão. Para fazer isso, você pode se sentir pressionado a pensar e se comportar de uma determinada maneira.

As pessoas não são facilmente categorizadas, e isso é ótimo. A vida humana é muito orgânica para ser rigidamente classificada. Normal pode ser mais uma abstração do que uma experiência humana. Se esforçar para viver dentro da normalidade pode restringir a criatividade, o prazer, a graça. Ser curioso e criativo, ao contrário, requer correr riscos. Preocupar-se em viver de acordo com um padrão individual coloca a ênfase, o brilho da pessoa no resultado.

O conceito de normalidade é mais um ideal subjetivo do que realidade. Cada cultura desenvolve seu próprio código sobre o que é normal. A normalidade é um enigma e uma ilusão. O que uma cultura pode considerar comum, outra pode achar incomum. Em situações cotidianas, as pessoas julgam a normalidade tomando os outros como sua própria referência de comportamento normal. Nesse sentido, a normalidade aos olhos dos outros, quando você tenta ser o que outra pessoa considera normal, pode perder uma parte de sua essência no processo de imitação.

Imagine o tédio que seria, se na vida fossemos iguais, se possuíssemos características e qualidades únicas. Rótulos são úteis para mercadorias, mas não se encaixam no mundo confuso das emoções humanas e traços de personalidade.  Se o normal é equiparado ao status quo, então a anormalidade torna-se igual à inconformidade.

 Todo mundo é único à sua maneira, mas o que torna algumas pessoas tão diferentes de todas as outras? Muitas vezes as diferenças são usadas para tornar os outros inferiores e insignificantes, porém, os relacionamentos autênticos começam com o reconhecimento, compreensão e aceitação das nossas anormalidades.

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1 comentário em “Não seja normal. Seja você.”

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