O que está acontecendo em termos de violência no Estado foge à qualquer parâmetro de normalidade e traduz um superlativo descaso das autoridades pela segurança dos cidadãos.
A segurança pública, que é função do Estado, tem deixado os indivíduos em meio a uma espécie de guerra civil que instalou-se em várias cidades do Estado, sobretudo na Capital.
A violência é uma possibilidade humana que sempre ameaça a razão. O filosofo brasileiro padre Henrique de Lima Vaz diz que “o mundo pacífico não é uma dádiva da natureza. É uma dura conquista da civilização. E é no campo da educação que se trava, a cada geração, as batalhas decisivas dessa luta. É aí que as sociedades são chamadas a optar em serem sociedades que florescem em paz ao sol do bem e da justiça ou a de enveredarem pelos obscuros caminhos da horda sem lei”.
O assunto intriga, mas não fico procurando notícias sobre violência para ler. Esta semana porém, elas saltaram aos olhos de qualquer um que tenha lido jornais impressos ou online. Mato Grosso foi no ano de 2016 o 11º Estado brasileiro com mais mortes causadas por arma de fogo; tem registrado muitas denúncias de violência contra idosos e de mortes violentas de mulheres.
Rondonópolis, que no ano passado apareceu entre os 150 municípios mais violentos do país, aparece em 2017 como a cidade com o maior número de homicídios do Estado. Não quero ser chata e citar números, portanto as informações detalhadas podem ser conseguidas no site da secretaria de Justiça e Direitos Humanos, no Mapa e no Atlas da Violência.
Uma breve, muito breve retrospectiva do que foi noticiado semana passada: No bairro Jardim Tropical, um casal foi rendido por bandidos dentro da própria casa e ficou refém por cerca de 10 horas. Dias depois, no mesmo bairro um senhor foi surpreendido por 2 marginais quando saia da garagem da casa, numa tentativa de assalto em plena luz do dia, baleado no tórax, não resistiu. Presos, os assaltantes confessaram o crime e a motivação da prática: queriam “ostentar” com o veículo da vítima.
Uma jovem travesti foi atropelada e morta por um cliente que não concordou com o preço fixado para o programa. As câmeras de segurança de um estabelecimento mostram claramente que o atropelamento foi proposital.
Corpos de dois homens foram encontrados por populares próximos a um pesqueiro em Santo Antônio de Leverger, com diversos sinais de facadas, sendo um com mais de 40 perfurações. Em Sinop, adolescentes assaltam residência do ex-secretário de Agricultura, são perseguidos pelas ruas e presos.
E tem mais…muito mais coisa que não repetirei aqui, mas que de acordo com os pesquisadores do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania da Universidade Federal de Mato Grosso, o cenário tem como principal causa a ausência de políticas públicas de prevenção de crimes.
O Poder Público não acompanha as demandas do crescimento das regiões mais pobres das cidades e a contraface dessa incapacidade em implementar políticas minimamente racionais no campo da segurança, aliada a naturalização da violência pela sociedade, que é a vítima, explodiu um sistema que há tempos não funciona.
O descompromisso das autoridades em discutir seriamente a complexidade do assunto com especialistas, considerando a transversalidade das áreas da educação, assistência social, cultura e saúde que quando faltam contribuem para agravar a situação.