O fluxo da existência

Talvez apenas aqueles que entendem o quão frágil a vida é sabem o bem precioso que ela representa e como é importante levá-la a sério. Levar a vida a sério não significa gastar toda a energia meditando, categorizando e classificando nossos atos. Temos que trabalhar e ganhar a vida, mas não devemos ficar entalados numa existência metódica, sem qualquer ponto de vista do significado mais profundo da vida. Nossa tarefa é encontrar um equilíbrio, buscar um caminho do meio, para aprendermos a não nos doarmos em atividades estranhas e preocupações fúteis, mas para simplificarmos nossas vidas cada vez mais.

A chave para o equilíbrio da vida moderna é a simplicidade, viver com o que é  necessário e justo, apostar nos relacionamento humano, no conhecimento que traz a libertação, na calma diante das adversidades. Assim como as rochas que ao serem chicoteadas pelas ondas, não sofrem nenhum dano, mas são esculpidas em belas formas, nossos personagens podem ser moldados, podemos aprender com as perdas e decepções, que devidamente compreendidos, podem vir a ser uma fonte inesperada de força interior. Fortes ou fracos a nossa existência tem sido tão transitória como as nuvens no verão. Tudo muda e por esta razão podemos assistir nascimento e morte, dia e noite, sol e chuva e  qual dança de formas transitórias num mesmo dia,

Viver exige compartilhamento, conhecimento e esforço. Não é uma mera sensação agradável, uma experiência, que é uma questão de acaso, e sorte, tampouco um filme de histórias de amores felizes e infelizes. Não caia no erro de achar que viver bem é esbaldar-se em consumo e felicidade, na m estar na moda e posar de bem sucedido para influenciar as pessoas. Não! Até porque o que especificamente torna uma pessoa atraente independe da moda da época. E para tornar-se um mestre na arte de viver é preciso estudar a teoria e praticar e nada no mundo pode ser mais importante que esta arte. Talvez aqui tenhamos falhado. Nossa cultura enumera quase tudo como mais importante do que aprender a arte de viver e amar.

Eduardo Galeano num belo ensaio diz que somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos. Diz que vivemos em plena cultura da aparência, onde o contrato de casamento importa mais que o amor, o funeral mais que o morto, as roupas mais do que o corpo e a missa mais do que Deus. Tem sido mesmo assim? Enfim, o choque entre transitoriedade e relações duradoras, passado e futuro, vida séria, vida fugaz, o que somos e o que fazemos, produz um comportamento que parece o de uma sociedade que celebra distrações estéreis, que passam longe da verdade.

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