O interesse pela política cresce, a fé diminui

Considero o voto nulo um ato muito extremo. Porém, infelizmente vários indicadores mostram que os eleitores não estão em conformidade com os candidatos, menos ainda com os partidos.

É difícil de prever, mas, segundo analistas, não será surpresa se tivermos o maior índice de votos brancos e nulos desde a volta das eleições diretas no país. Segundo uma sondagem do Datafolha, feita no final de janeiro, um de cada três brasileiros pretende anular o voto para presidente nas próximas eleições.

Em seu discurso de despedida, Barack Obama disse que foi nas ruas que ele presenciou o poder da fé e a dignidade silenciosa dos trabalhadores, que ele aprendeu que a mudança só acontece quando as pessoas comuns se envolvem, se engajam e se reúnem para exigí-la.

Em tempos de dificuldades, quando o país parece desmanchar-se à nossa frente devido a fraqueza política, as coligações fragmentadas, eleitores divididos e mídia tendenciosa, é que precisamos nos envolver efetivamente no processo eleitoral e votar com responsabilidade. Senão, essas deficiências serão exploradas por candidatos fortes, carismáticos e interesseiros.

Os eleitores estão pressionados. As pesquisas, mesmo refletindo a verdade, são canos condutores para levar o eleitor ao resultado que pretendem impor: ao desânimo e a falta de fé. Mas há algo de estranho sobre esse momento em que o interesse na política cresce nas mídias enquanto a fé na política diminui.

As redes sociais invadiram a vida das pessoas, dominaram os conteúdos políticos, fazendo circular matérias verdadeiras e falsas. E queiramos ou não, todos nós nos tornamos produtores dos conteúdos que alimentam as redes sociais.

Tocqueville, quando escreveu sobre a liberdade e a igualdade, revelou-se temeroso quanto a tirania que a maioria poderia exercer sobre as minorias, o que acarretaria no desenvolvimento de uma sociedade intolerante que definiria os hábitos e valores de tal forma personificados, que excomungaria as manifestações que escapariam do que essa maioria estabelece como a verdade dos fatos.

Reconhece essa tirania em algum momento quando se expõe um pouco mais nas redes sociais? Mas, vejamos por outro lado. Está mais fácil fazer-se ouvido, tornar uma voz que pode influenciar o voto.

Se usadas com honestidade, as mídias sociais podem ajudar a virar o jogo e evitar que nos conformemos em votar em eventuais bombeiros. A imprensa livre tem um papel extremamente forte nesse processo, partindo da forma como divulga os escândalos, como acompanha os projetos públicos em andamento nas casas legislativas, como coloca-se contra à corrupção, sem contudo, criminalizar a atividade política e os políticos.

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